Escolas e Alunos Gaúchos dão Lição de Direitos Humanos Nos últimos anos houve uma crescente migração de Haitianos para o Brasil, segundo pesquisa realizada pelos professores da PUC Minas Durval Fernandes e Maria da Consolação Gomes de Castro e pelo representante da Organização Internacional para as Migrações (OIM) já temos hoje 34 mil imigrantes podendo chegar a 50 mil até o final deste ano. Infelizmente junto ao crescente número de haitianos, outro número vem aumentando, são as denúncias de atitudes de preconceito contra estes imigrantes, vemos na televisão, jornais e internet brasileiros contrariados com esta imigração justificando sua atitude preconceituosa no argumento de que os haitianos estão tirando vagas de emprego de brasileiros. Devido a estas atitudes de discriminação, surgiu a preocupação quanto aos direitos dos pequenos haitianos que vem ao Brasil acompanhando seus pais, assim este trabalho busca verificar com base no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos se o direito a educação está sendo assegurado aos filhos destes imigrantes nas escolas da região metropolitana de Porto Alegre. Antes de analisarmos a situação das escolas, vejamos o que nos traz o citado artigo 26: "I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos." Inicialmente foi bastante difícil encontrar escolas com alunos haitianos, uma vez que, a maioria dos imigrantes, cerca de 70%, de acordo com a mesma pesquisa da Puc Minas, citada anteriormente, são homens e muitos deixam suas famílias no Haiti, assim em conversa com alguns haitianos o principal sentimento citado foi a saudade da família deixada no país de origem. Porém as poucas escolas encontradas apresentaram uma verdadeira lição de direitos humanos, recebendo muito bem estes alunos e suas famílias. Dentre as 2 escolas encontradas na região metropolitana de Porto Alegre uma possuía duas alunas no ano de 2014, hoje residentes em Brasília, uma matriculada no 1º ano e outra no 2º ano por já ter sido alfabetizada em francês, relata ter convidado o pai das alunas a fazer uma palestra para os demais alunos e professores sobre a cultura haitiana apresentando costumes, músicas e etc, buscando uma maior integração entre estes alunos e a comunidade escolar. Este evento, segundo a escola foi muito produtivo e alcançou o objetivo esperado. A outra escola com quatro alunas haitianas, duas com 10 anos de idade e matriculadas no 4º ano, uma de 7 anos e outra de 9 anos ambas no 3º ano, relata que as alunas recebem o auxílio de colegas “ajudantes” durante as aulas regulares e recebem aula reforço uma vez por semana para o desenvolvimento da linguagem oral e da escrita em língua portuguesa. Ambas as escolas relatam que os demais alunos não demonstram qualquer atitude de preconceito e sim demonstram grande atração por estes colegas que falam outra língua, vindos de um lugar tão distante e desconhecidos pela maioria, tornando os alunos haitianos muito populares nas escolas onde estudam. Esta atitude de receptividade demonstrada pelos alunos também ocorre na administração das escolas que em casos de falta de documentação tão prioridade a inserção dos alunos haitianos na escola dando aos pais um prazo para a regulamentação de qualquer irregularidade. A segunda escola citada também abriga um projeto de auxílio aos imigrantes haitianos que através de professores voluntários fornece aulas de português aos adultos. Assim embora tenha havido uma grande dificuldade em encontrar escolas com alunos haitianos, as poucas escolas encontradas dão uma verdadeira lição de direitos humanos, tanto por parte da administração escolar como pelos alunos brasileiros, que recebem sem restrições estes imigrantes que vem ao nosso país em busca de uma melhor qualidade de vida. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERNANDES, Duval e CASTRO, Maria da Consolação G. Projeto “Estudos sobre a Migração Haitiana ao Brasil e Diálogo Bilateral”. Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais, 2014. Disponível em http://portal.mte.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp? fileId=8A7C816A45B266980145DCAB8EF42233. Acesso em 05 de julho de 2015