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O presente estudo foi concebido com o intuito de analisar a obra do sociólogo norte-americano Eliot Freidson, principalmente do ponto de vista de suas potenciais contribuições para ampliar a compreensão atual do serviço social como profissão no Brasil contemporâneo. A sociologia das profissões teve um notável desenvolvimento durante a segunda metade do século XX, e seu impacto positivo sobre a produção de conhecimento nas ciências sociais brasileiras resulta inquestionável. No entanto, a penetração dessa perspectiva nas análises sobre o serviço social como profissão revela-se quase inexistente. Isto não significa, obviamente, ausência de trabalhos sobre a construção social do campo profissional do serviço social. Sem negar as valiosas contribuições de um conjunto significativo de trabalhos realizados a partir de uma ótica na qual predomina a auto-análise da profissão, a presente dissertação pretende identificar, na abordagem freidsoniana das profissões, dimensões e categorias de análise que ainda não foram integradas às pesquisas nacionais sobre o tema. Assim, coloca-se a ênfase na definição de profissão como uma construção social e, portanto, nas imbricadas, complexas e nem sempre evidentes relações entre profissões, cultura e sociedade. Resgata-se na obra de Freidson a importância crucial do conceito de instituição, principalmente como elemento mediador nessas relações e, ainda, como aspecto central na construção sócio-histórica das profissões. Na presente proposta de análise discutem-se alguns dos conceitos mais relevantes da sociologia das profissões de Freidson, quais sejam as noções de monopólio e autonomia profissionais; o problema da burocratização e proletarização dos profissionais e a questão da divisão do trabalho nas sociedades modernas. Porém, e em função de sua contribuição para a análise do serviço social como profissão, privilegiam-se duas dimensões de análise, uma diretamente extraída do arcabouço de Freidson e outra elaborada para fins do presente estudo. A primeira refere-se ao processo e condições estruturais de institucionalização das profissões, onde se procuram as bases de legitimação de uma ocupação como profissão. A segunda dimensão remete ao problema dos tipos de racionalidade (clínica, gerencial, acadêmica) que determinam a existência de diferentes maneiras de ser, pensar e agir entre os integrantes de um mesmo corpo profissional. A aplicação destas dimensões de análise ao caso do Serviço Social abre novas possibilidades para interpretar os processos de construção social dos campos profissionais e, particularmente, os desafios, tendências e trajetória histórica do Serviço Social. |
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