Abstract:
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A produção leiteira à base de pasto na Agricultura Familiar do oeste catarinense tem se tornado uma das principais fontes de renda desses pequenos agricultores. Equívocos no manejo alimentar dos animais, em especial na suplementação concentrada, podem onerar custos e reduzir a eficiência da produção a pasto. O objetivo deste trabalho foi comparar os impactos do manejo empírico de suplementação de vacas leiteiras com o definido pelo potencial nutricional de uma pastagem polifítica em sistema PRV sobre o comportamento de pastoreio, composição e produção leiteira. Para isso, dez vacas foram pareadas em dois grupos por dias em lactação, condição corporal e padrão racial, e submetidas a 2 tratamentos: suplementação com concentrado comercial (CC), com 21% PB, ofertada na base de 1 kg/3,8 L de leite produzido, e milho moído (MM) com 9,5% PB, na proporção de 0,4% do peso vivo, num delineamento experimental cross-over, de forma que todos os animais passaram por ambos tratamentos. Cada período experimental consistiu de 14 dias, com 10 dias de adaptação às dietas e quatro dias para a coleta de dados. Foi registrada a produção de leite e coletadas amostras para determinação dos teores de gordura, proteína, lactose, carotenoides (?-caroteno, luteína e zeaxantina), vitamina A e N-ureico além da contagem de células somáticas (CCS). O comportamento de pastoreio foi observado nas primeiras 4 horas após a ordenha da manhã, quando também foram coletadas amostras de pastagem por meio da técnica da simulação de pastoreio. Foi feita uma estimativa de custo da suplementação e rentabilidade para cada tratamento. Os animais suplementados com MM consumiram plantas ou partes das plantas com uma concentração proteica (16,23%) superior (P<0,05) à dos animais consumindo CC (14,62%). Os animais que consumiram CC apresentaram menores taxa de bocados e tempo de pastoreio (P<0,05). Não houve diferenças na composição química do leite, incluindo os carotenoides e vitamina A, concentração de N-ureico e CCS entre os tratamentos (P?0,05). Entretanto, conteúdos superiores de ?-caroteno e carotenoides totais foram detectados no leite de vacas no estágio de lactação de 70 a 164 dias comparadas às com menos de 70 dias de lactação (P?0,05). A produção de leite foi maior (P<0,05) quando as vacas consumiam CC, mas o suplemento MM resultou em melhor rentabilidade (R$ 7,62/vaca/dia no CC, e R$ 8,39/vaca/dia no MM). Em conjunto, os resultados mostraram que os animais do grupo CC conseguiram compensar o menor conteúdo de proteína da mistura mineral através da seleção de uma dieta de pastoreio mais rica em proteínas. Como consequência a composição do leite não foi alterada e a diferença de produtividade em favor do grupo com maior suplementação concentrada não resultou em melhor rentabilidade. |