Abstract:
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O Programa Nacional de Abate Humanitário - Steps foi desenvolvido pela Sociedade Mundial de Proteção Animal - WSPA, em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, com o objetivo de melhorar a qualidade do manejo pré-abate e abate nos frigoríficos brasileiros. O Programa Steps tem investido em treinamentos específicos sobre bem-estar animal para os fiscais federais da inspeção animal e para demais profissionais dos frigoríficos, a fim de melhorar a atitude das pessoas e as práticas do manejo que antecedem o abate dos animais. O primeiro objetivo deste trabalho foi avaliar o resultado desse programa na melhoria do manejo pré-abate e abate de suínos. Um segundo objetivo foi investigar a atitude dos atores do Serviço de Inspeção Federal (SIF) sobre bem-estar e suas percepções sobre vários aspectos que influenciam a adoção de boas práticas de manejo. Na primeira parte deste trabalho foram realizadas auditorias em 11 frigoríficos de suínos, dos quais sete tinham recebido o treinamento Steps e quatro não o tinham recebido. Durante a auditoria, dados foram coletado utilizando um checklist baseado em pontos críticos de controle de bem-estar animal. Em comparação com frigoríficos não treinados, os frigoríficos treinados apresentaram uma tendência de menor percentagem de escorregões (P = 0,07) e vocalizações durante a insensibilização (P = 0,06). Após terem recebido o treinamento, os frigoríficos que tinham sido treinados mostraram uma tendência de redução da frequência de animais sensíveis na mesa de sangria (P = 0,08). As outras variáveis avaliadas - quedas no desembarque, o uso do bastão elétrico, vocalização no manejo, posicionamento incorreto dos eletrodos - não apresentaram diferenças (P > 0,05) entre o pré e pós-treinamento e entre frigoríficos treinados e não treinados. Na segunda parte do trabalho, 83 inspetores fiscais (médicos veterinários e agentes de inspeção) do Serviço de Inspeção Federal responderam um questionário abordando temas relacionados ao manejo e bem-estar de animais nos frigoríficos. Na opinião dos respondentes, a indústria tem obrigação ética de se envolver na melhoria do bem-estar animal; entretanto, a legislação brasileira é inadequada, a formação dos profissionais e dos manejadores é deficiente e o consumidor tem baixo engajamento e conhecimento sobre o tema bem-estar animal. Para reverter esses fatores que parecem limitar a adoção de boas práticas nos frigoríficos, eles sugeriram o fornecimento de treinamento continuado, e melhores condições de trabalho e remuneração para os funcionários, ensino de bem-estar animal durante a formação profissional, desenvolvimento de uma legislação mais detalhada, por exemplo, com parâmetros mínimo e máximo, e engajamento da indústria e do público consumidor. No primeiro estudo, embora tenha sido possível observar alguma redução dos pontos críticos encontrados anteriormente ao treinamento, isso não foi suficiente para atender aos padrões de bem-estar propostos internacionalmente. Porém, os resultados são encorajadores, especialmente considerando o pequeno número de frigoríficos que puderam ser comparados. Os resultados da segunda pesquisa apontaram vários fatores que precisam ser trabalhados para melhor efetivar as mudanças na infraestrutura e nas práticas de manejo necessários para melhorar o bem-estar animal nos frigoríficos. <br> |