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Pensando na situação das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), como organizações diferenciadas das demais, temos nos preocupado em saber até onde os teóricos em administração tem se voltado para elas, a fim de definir ou permear seu caráter gerencial. Sabemos que estas instituições têm comportamento gerencial burocrático, colegiado, político e anárquico, e que a disseminação do conhecimento através do ensino, pesquisa e extensão é objetivo das IFES. Porém, as mudanças que são evidentes, ou seja, uma situação evolutiva, instável e dinâmica, provocada pela globalização têm-se colocado como desafio à gerencia. A globalização e conseqüente competitividade têm impulsionado a busca da excelência organizacional. E como procedem as gerencias destas IFES? Evidenciar estratégias que possam colaborar para o alcance dos objetivos dessas instituições, diante desse cenário instável, é objeto deste estudo. As decisões nas IFES se caracterizam pelo modelo colegiado, seus segmentos integrantes são especializados, e não demonstram sentido na cooperação. Porém há necessidade de interação, comunicação e compromisso dos integrantes de tais colegiados, para o alcance dos objetivos da instituição. Sua hierarquia administrativa remete-nos a seu modelo burocrático. São instituições diferenciadas de outras organizações públicas e privadas, devido a sua complexidade e especificidade administrativa, porém apresentam características comuns às demais organizações. São organizações complexas, com metas ambíguas. E sem uma hierarquia retilínea. Suas decisões são normatizadas e colegiadas, o que auxilia o processo participativo. Bordenave (1994), enfatiza a importância da participação quando diz que “considerando que o grau de controle das pessoas sobre as decisões e o nível de importância das decisões de que se pode participar são questões chaves no processo de participação numa empresa”. O modelo colegiado das universidades, segundo Rogério Vahl (1991), “tende a não se submeter ao processo hierárquico da burocracia, pois as decisão são tomadas por consenso”. No modelo de decisão colegiada há uma “ênfase no consenso, o poder é compartilhado, existe consulta à comunidade por parte dos líderes e, assim, as responsabilidades tornam-se coletivas” (Birbaum, 1988). Conforme Rodrigues (1984), “as decisões seguem um jogo político onde os resultados dependem dos interesses dos participantes”. Assim, a complexidade administrativa das IFES confere ao jogo político a tarefa de conseguir o consenso para o alcance de seus objetivos. Outra questão que se observa nas IFES, diz respeito ao que o ambiente externo reflete, surpreendentemente, junto ao seu ambiente interno. Medidas governamentais quanto à contenção de despesas são visíveis no ambiente interno destas organizações, uma vez que visualizamos a diminuição do quadro de pessoal, além de medidas quanto à demissão incentivada e não abertura de concursos públicos na carreira tecnico-administrativa. Por outro lado, a escassez de empregos de carreira, as dificuldades econômicas do país e, até mesmo, a grande massa de desempregados, têm incentivado o aprendizado e a qualificação, como forma de se garantir emprego num mercado escasso e competitivo. É nesse cenário que entra o papel social das IFES. Nelas são feitos grandes investimentos em inovação tecnológica, informativa e no conhecimento. Através do decreto que institui a Política de Capacitação dos Servidores Públicos Federais, além da GED (Gratificação de Incentivo a Docência), que incentiva a titulação e produção científica dos docentes, a UFSC tem procurado capacitar e qualificar seu RH, ou seja, o seu capital intelectual; assim, mantém um quadro de mestres e doutores, o que a torna competitiva entre as demais instituições do mercado. Essa instituição, mesmo com escassez de recursos governamentais, tem-se mantido, e até crescido em estrutura física e tecnológica. Parte de seus recursos financeiros vem de projetos de extensão, por meio dos quais são montados cursos, inclusive de especialização, por diversos departamentos, o que tem possibilitado a aquisição de alguns materiais. Outra parte dos recursos, vem de pesquisas, que disponibilizam instalações, aquisição de material, equipamentos, etc. E uma terceira parte procede de verba orçamentária do governo federal. Podemos dizer que o fator humano é o provedor do fator produção e que nesse sistema produtivo, com facilidade de reprodução de novas tecnologias, a capacitação e atualização das pessoas torna-se o grande diferencial competitivo das organizações. Esse novo cenário estabelece a adoção de novos métodos de gerenciamento e faz da competitividade uma das variáveis que determinam o êxito ou fracasso das organizações, nas quais a tecnologia, qualidade das informações e valorização das potencialidades humanas (capacitação e qualificação) são ferramentas imprescindíveis ao gerenciamento. Daí entendermos que as principais estratégias destas instituições são a tecnologia de informação e a valorização da potencialidade humana, através da capacitação e qualificação. Ao abordarmos estratégias gerenciais, reportamo-nos a fundamentação teórico-bibliográfica, remetendo-nos ao nível organizacional, abordando variáveis inerentes à questão da mudança organizacional em voga, observando as competências gerenciais que podem ser determinantes do crescimento organizacional. Assim, abordaremos variáveis indispensáveis à gerência frente a esse cenário dinâmico e instável, onde a atual literatura tem nos remetido a conceitos quanto à participação, motivação, tecnologia de informação, conhecimento e comunicação, como ferramentas necessárias a estratégia gerencial. |
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