Abstract:
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As transformações ocorridas no mercado financeiro no período dos últimos trinta anos impactaram significativamente nas atividades tradicionalmente exercidas pelas instituições bancárias, através do processo de desintermediação bancária. Esse processo foi influenciado principalmente pela liberalização financeira estimulada nos países centrais no início da década de 1980, cuja origem está ligada à necessidade de saneamento do déficit em suas balanças de pagamentos. Paralelamente ao advento da liberalização financeira, instituições bancárias dos países centrais decretam falência ou são incorporadas a outras instituições, motivadas principalmente pela concessão de empréstimos não liquidados aos países de industrialização recente ou através do descompasso entre seus ativos e passivos, em função do crescimento dos custos de captação. A liberalização financeira, por seu turno, permitiu o fortalecimento de novos agentes do mercado financeiro, com destaque para os grandes fundos de pensão anglosaxônicos, as grandes companhias seguradoras, dentre outras mais, que ao se inserirem no mercado de capitais, através da compra de títulos de dívida pública, ações, derivativos, entre outros produtos, representam a principal fonte fomentadora do processo de desintermediação financeira. As instituições bancárias nos países centrais enfrentam o acirramento dessa concorrência em um momento bastante delicado, o que motiva os organismos reguladores nacionais – geralmente os Bancos Centrais, nos mais diversos países – a preocuparem-se cada vez mais com a questão das falências bancárias, em virtude dos riscos assumidos por essas instituições, e os possíveis desdobramentos da uma crise sistêmica, que pode ocorrer em função da falência de uma dessas instituições. Ao compreender o impacto da liberalização financeira e da desintermediação bancária é possível compreender como os acordos de regulamentação bancária, objeto central de análise do presente trabalho, evoluem nos últimos vinte anos, desde a publicação do Primeiro Acordo de Capital, em 1988, até o Novo Acordo de Capital, em 2004, contemplando as inovações financeiras surgidas nesse período. |