O manejo tradicional de roça itinerante em florestas secundárias: um sistema que conserva a biodiversidade?

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O manejo tradicional de roça itinerante em florestas secundárias: um sistema que conserva a biodiversidade?

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dc.contributor Universidade Federal de Santa Catarina pt_BR
dc.contributor.advisor Fantini, Alfredo Celso pt_BR
dc.contributor.author Vicente, Nicole Rodrigues pt_BR
dc.date.accessioned 2015-02-05T20:43:49Z
dc.date.available 2015-02-05T20:43:49Z
dc.date.issued 2014 pt_BR
dc.identifier.other 329056 pt_BR
dc.identifier.uri https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/129129
dc.description Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais, Florianópolis, 2014. pt_BR
dc.description.abstract As florestas tropicais são ecossistemas dinâmicos que provém recursos de fundamental importância para a sociedade. No entanto sua exploração intensiva e sua conversão em diversos usos da terra têm promovido perda de sua biodiversidade e funcionalidade. Unidades de Conservação Integral não são a única estratégia para conservação destes recursos, a qual pode se dar também por meio do seu uso sustentável. A principal premissa desse estudo é que a continuidade do uso das florestas nativas é também uma estratégia para poder conservá-las. Pressupõe-se que as populações locais que praticam tradicionalmente sistemas itinerantes de agricultura manejam o meio ambiente e criam paisagens antrópicas compostas por mosaicos de vegetação em diversos estágios de desenvolvimento de forma a promover sua diversidade. Esta pesquisa foi desenvolvida no município de Biguaçu-SC, litoral de Santa Catarina, onde agricultores familiares tem manejado as florestas secundárias de forma tradicional por meio da agricultura itinerante durante séculos. O objetivo do estudo foi analisar a contribuição do manejo de roça itinerante na conservação da biodiversidade florestal, dentro das pequenas propriedades rurais, de acordo com sua estrutura multidimensional (ecológica, etnoecológica e histórica). Utilizou-se de métodos etnográficos (entrevistas, análise histórica, turnês-guiadas, observações participantes e listagem-livre) para acessar informações sobre as mudanças do sistema no tempo e o conhecimento associado ao manejo das florestas, bem como da contribuição dos indivíduos para o sistema de conhecimento local. Para análise das florestas manejadas utilizou-se de métodos da ciência florestal (inventários florestais), da botânica (inventário florístico) e da ecologia (análise da biodiversidade) para conhecer e caracterizar a estrutura, a composição e a diversidade dessas áreas para cinco diferentes categorias de estoques florestais: a) floresta nativa em dois estágios distintos de regeneração (médio e avançado); b) áreas de roça em mata nativa e em bracatingais; e c) plantios de eucalipto. Os resultados mostram que o sistema praticado pela população local utiliza-se de curtos períodos de cultivo agrícola (de 2 a 4 anos) com longos períodos de pousio florestal (de 10 a 15 anos), é composto por diversos elementos da agrobiodiversidade, onde a mandioca atualmente tem maior expressão. Este sistema é resultado do sistema de conhecimento ecológico construído por gerações, sendo percebido como um modo de vida local. Mudanças ocorridas ao longo das últimas quatro décadas têm potencializado a diminuição do uso das florestas nativas e a expansão do cultivo florestal exótico. Ainda assim, a população local apresenta rico conhecimento sobre a diversidade das florestas nativas e cada indivíduo contribui de forma diferente para o sistema de conhecimento ecológico. No sistema de conhecimento local os estágio de regeneração florestal são classificados como: Capoeira, Capoeirão e Mato; e cada estágio é reconhecido de acordo com sua composição florística, altura dominante e período de regeneração. As florestas manejadas apresentaram estrutura compatível com as florestas secundárias em regeneração comparadas com a literatura e apresentaram alta diversidade na paisagem. As Áreas de Roça em floresta nativa apresentaram maior diversidade verdadeira de Shannon (20,5) e cada estoque florestal contribuiu diferentemente para a riqueza de espécies na localidade, sendo as áreas de floresta nativa em estágio avançado as de maior diversidade na paisagem (ß = 4,2) e as áreas de bracatinga as mais homogêneas (ß = 1,4). As mudanças sócio-políticas e econômicas, como a legislação ambiental para uso de florestas nativas e a legislação sanitária para processamento de produtos vegetais, influenciaram as práticas de condução da roça e as atividades associadas ao manejo, de forma que as limitações para a continuidade do sistema ainda estão condicionadas pelos caminhos burocráticos de licenciamento da atividade. Conclui-se que o sistema praticado promove a aceleração da regeneração da floresta de forma mais intensa do que aconteceria naturalmente sem intervenção dos agricultores, demonstrando que a manutenção das práticas tradicionais de manejo itinerante é uma das alternativas viáveis para manutenção da cobertura florestal nas pequenas propriedades rurais. Assim, o sistema praticado pode estar promovendo a domesticação da paisagem, havendo por conseguinte a necessidade do enquadramento das florestas manejadas em categorias diferentes de como são consideradas pela legislação ambiental como naturais. Isso implica na contribuição do sistema itinerante para a conservação dessas florestas numa paisagem dinâmica e diversificada, sendo o componente florestal a principal matriz e o sistema de conhecimento ecológico uma ferramenta importante para compreensão das realidades ecológicas e sociológicas locais.<br> pt_BR
dc.description.abstract Abstract : Tropical forests are dynamic ecosystems that provide important resources for society. However their intensive exploitation and its conversion to various land uses have promoted loss of its biodiversity and functionality. Integral conservation units are not the only strategy for conservation of these resources, which can also be achieved by its sustainable use. The main premise of this study is that the continuity of the use of native forests is also a strategy in order to conserve them. It is assumed that local people who engage in swidden agriculture traditionally manage environment and create anthropogenic landscapes composed of forest mosaics in various stages of development in order to promote its diversity. This research was developed in the municipality of Biguaçu, coast of Santa Catarina State, where family farmers have managed secondary forests in traditional ways through swidden agriculture for centuries. The objective of this study was to analyze the contribution of swidden systems on forest biodiversity conservation, within the small farms, according to its multidimensional structure (ecological, historical and ethnological). Using ethnographic methods (interviews, historical analysis, guided-tours, participating observations and free-listing) to access information about system changes in time and the knowledge associated with the management of forests, as well as the contribution of individuals to the system of local knowledge. For analysis of the managed forests used methods of forest science (forest inventories), Botany (floristic survey) and ecology (biodiversity analysis) to identify and characterize the structure, composition and diversity of these areas for five different categories of forest inventory: a) native forest in two distinct stages of regeneration (intermediate and advanced); b) swidden plots in native forest and in bracatingais; and c) eucalyptus plantations. The results show that the system practised by the local population uses short periods of cropping (from 2 to 4 years) with long periods of forest fallow (from 10 to 15 years), is composed of various elements of agro-biodiversity, where cassava currently has greater expression. This system is the result of ecological knowledge system built for generations, being perceived as a local way of life. Changes that have taken place over the past four decades have made possible the reduction of the use of native forests and the spread of exotic forest cultivation. Still, the local population offers rich insight into the diversity of native forests and each individual contributes differently to the ecological knowledge system. On the system of local knowledge the forest regeneration stage are classified as: Capoeira, Capoeirão and Mato; and each stage is recognized according to its floristic composition, dominant height and period of regeneration. The managed forests presented structure compatible with the secondary forests regenerating compared to literature and presented high diversity in the landscape. Swidden plots in native forest had higher true diversity of Shannon (20.5) and each forest stock contributed differently for species richness in the locality, being the native forest in the advanced stage of greater diversity in the landscape (ß = 4.2) and bracatinga the most homogeneous (ß = 1.4). The socio-political and economic changes, such as environmental legislation for use of native forests and the sanitary legislation for processing vegetable products, influenced the practice of swidden agriculture and activities associated with the management, so that the limitations for the continuity of the system are determined by bureaucratic ways of licensing activity. It is concluded that the system practiced promotes acceleration of forest regeneration more intensely than they would naturally without intervention from farmers, demonstrating that the maintenance of traditional swidden practices is one of the viable alternatives for maintaining forest cover in small rural properties. Thus, the system practiced may be promoting the domestication of the landscape, and there is therefore the need for the framework of managed forests in different categories as they are considered by the environmental legislation as natural. This implies the swidden system's contribution to the conservation of these forests in a dynamic and diverse landscape, being the main forestry component array and the ecological knowledge system an important tool for understanding the ecological and sociological realities at the local level. en
dc.format.extent xxv, 172 p.| il., grafs., tabs. pt_BR
dc.language.iso por pt_BR
dc.subject.classification Recursos genéticos vegetais pt_BR
dc.subject.classification Agricultura familiar pt_BR
dc.subject.classification Biguacu (SC) pt_BR
dc.subject.classification Florestas tropicais pt_BR
dc.subject.classification Conservação pt_BR
dc.subject.classification Biguacu (SC) pt_BR
dc.subject.classification Diversidade biologica pt_BR
dc.subject.classification Biguacu (SC) pt_BR
dc.subject.classification Manejo florestal pt_BR
dc.title O manejo tradicional de roça itinerante em florestas secundárias: um sistema que conserva a biodiversidade? pt_BR
dc.type Tese (Doutorado) pt_BR


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