Abstract:
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Tornei-me rondonista em 2012. Vinte e nove anos após minha mãe também ter se tornado rondonista. Sou mais uma num mar de participantes, e mais uma a relatar a experiência derivada do Projeto. Porém, creio que este é um dos poucos casos em que ‘ser só mais uma’ é algo bom, pois demonstra a força e a quantidade de pessoas envolvidas nele. “Conhecimento, amizade, cultura, vontade, equipe, valores,... saudade”. Esses são somente alguns intentos de traduzir em palavras o que se vive, por parte dos participantes, durante uma operação. E, para mim, não foi diferente. Três anos após essa oportunidade, ao abrir os arquivos de fotos, várias sensações particulares me vieram à tona (o cheiro da chuva de todas as tardes e do óleo de andiroba de todas as noites; o gosto do cupuaçu com leite, junto com o feijão e o macarrão nos almoços; o bafo do calor; o sotaque da cidade). A oportunidade, para nós, é incrível, e deixa uma marca bem profunda. Mas, como será do lado de lá? Durante as ações, toda a cidade se mobiliza para nos receber, a comunidade é muito grata e nos demonstra muito carinho. Crianças, mais do que ninguém, expressam, com simplicidade e inocência, toda a alegria, e nos adotam como irmãos. Mas, olhando para trás, parece tudo muito efêmero: do mesmo jeito que aparecemos do nada, vamos embora. Quando partimos para a missão, a intenção é sempre mudar um pouco da realidade do nosso país, levando à comunidade o que sabemos e gerando multiplicadores de conhecimento. E, no nosso retorno, a impressão é que foram eles quem nos transformaram em multiplicadores... de sua cultura e de sua sabedoria. Será que marcamos aquelas pessoas da mesma forma que elas nos marcaram? Será que ensinamos no mesmo grau que aprendemos? Eu, como rondonista, tenho muita vontade de saber o que ficou do outro lado do Projeto. Sei que algumas operações já se repetiram nas cidades, e, dessa forma, gostaria de estimular ainda mais o acompanhamento temporal por parte dos alunos, pois só assim notaremos a real mudança que ajudamos a construir; e incentivar o diálogo entre as equipes que dividiram ações nos mesmos locais. Um ‘Pós-Projeto’, como forma de interação entre as equipes, as ações e as comunidades; e um ‘não encerramento’ das ações, só porque voltamos à nossa rotina. Pois, às vezes, o fim pode ser só o começo. |