Abstract:
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A escola está implicada, enquanto espaço de socialização e instituição que participa da subjetivação dos indivíduos, na produção de corpos e sujeitos atravessados por normas sociais que determinam padrões de conduta, sobretudo no que se refere às normativas de gênero. Partindo dessa problematização, apoiada nas perspectivas pós-estruturalistas dos Estudos de Gênero, esse trabalho consiste em um relato de experiência das atividades de um projeto de extensão intitulado “(Des)construindo tabus e preconceitos para construir a (com)vivência com as diferenças: diálogos sobre gênero e diversidade na escola”, realizado com a colaboração de duas estudantes bolsistas do Instituto Federal de Educação do Paraná (IFPR), Campus Irati. O projeto teve como proposta orientadora o diálogo sobre os temas gênero e diversidade com estudantes de Ensino Médio e Fundamental de outra(s) escola(s); para tanto, trabalhamos com a composição de grupos que participaram de encontros previamente programados. Para o presente relato, foi escolhido apenas um grupo de estudantes (aproximadamente 18, variando de encontro a encontro) que participaram de cinco encontros organizados a partir das seguintes temáticas: “Gênero e Cotidiano”; “Lugares sociais (im)possíveis a homens, mulheres e sujeitos que não correspondem aos padrões heteronormativos – a questão da identidade/expressão de gênero”; “Violências de gênero – as lutas pelo respeito e garantia da manifestação da diversidade sexual”; “Sexualidade, prevenção a ISTs e gravidez precoce”; e um quinto encontro, de encerramento, em que uma as(os) estudantes puderam registrar, por meio da produção de cartazes, aquilo que mais lhes marcou das discussões realizadas. Objetivamos, com esse relato, analisar os discursos movimentados pelas técnicas utilizadas e pelos diálogos travados entre os pares, a partir das representações que esses discursos fizeram circular sobre “mulher”, “violências de gênero”, “homossexualidade”, “exercício/vivência da sexualidade” etc., enfim, a partir de representações que denotam o modo como as relações, identidades e expressões de gênero são produzidas nas relações sociais. Consideramos, ao final, que muitas(os) estudantes possuem ideias e posicionamentos conflitantes, entre uma perspectiva disciplinadora e conservadora e uma perspectiva crítica e aberta a mudanças, sobre as questões de gênero e diversidade, mantendo padrões de conduta transmitidos intergeracionalmente, de um lado, e propondo novos modos de pensá-los, de outro e ao mesmo tempo. O diálogo se mostrou como estratégia fundamental para a efetivação de trocas e reflexões a respeito de vivências particulares (relatos pessoais) das(os) estudantes e a respeito das problemáticas que envolvem outros sujeitos, que têm suas vidas marcadas por condições de desigualdade de gênero e por práticas de violência. |