Abstract:
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O presente trabalho teve por objetivo avaliar o histórico de dados recentes dos episódios de marés vermelhas nas Baías Norte e Sul da Ilha de Santa Catarina, a partir da análise dos dados apresentados em publicações científicas, relatórios técnicos e materiais jornalísticos. Análises de frequências de ocorrência dos alertas foram feitas sobre os dados históricos do relatório preliminar da EPAGRI e seus certificados de ensaio posteriores disponibilizados publicamente pela EPAGRI, no blog oficial do projeto, e sobre as informações disponibilizadas publicamente pelo serviço de Defesa Sanitária Animal da CIDASC, que consistem em concentrações de Dinophysis spp., Pseudo-nitzschia spp. e Gymnodinium catenatum, e registros de ficotoxinas diarreicas (Diarrheic Shellfish Poisoning – DSP), paralisantes (Paralytic Shellfish Poisoning – PSP) e amnésicas (Amnesic Shellfish Poisoning – ASP) através de bioensaios com camundongos. Gráficos sobre os registros de ficotoxinas e sobre as concentrações celulares foram produzidos, de modo a demonstrar a ocorrência destes nas séries temporais levantadas, e apresentados em escala logarítmica, com exceção dos gráficos de concentrações de G. catenatum. Alertas ocorrem para Dinophysis spp., quando a contagem for maior que 500 cél/L. Para Pseudo-nitzschia spp., quando a contagem for maior que 100.000 cél/L, ou abundância maior que 50% da contagem total das espécies consideradas. Para Gymnodinium catenatum, quando a contagem for maior que 100 cell/L. Para a toxina diarreica é considerado alerta o resultado positivo, quando ocorre pelo menos 2 mortes em 3 camundongos testados em 24 horas. Para a toxina paralisante é considerado alerta quando o resultado for positivo, ou seja, quando não ocorrer nenhuma morte entre os camundongos testados. Para a toxina amnésica são considerados valores maiores que zero, com limite de detecção de 0,5 mg.kg-1 de molusco, porém o limite máximo permitido na legislação brasileira é de 20 mg.kg-1. Informações e notícias jornalísticas foram levantadas adicionalmente. Observou-se um aparente aumento nos registros de DSP nas Baías Norte e Sul e nos alertas de concentrações de Dinophysis spp. na Baía Sul, e esses registros aconteceram entre maio a outubro, no outono, inverno e primavera. Suas duas principais florações ocorreram nos anos 2007, 2009 e 2016. Não houve registros de PSP nas Baías, e os alertas de G. catenatum ocorreram três vezes em 2013, em setembro. Os registros de ASP e de concentrações de Pseudo-nitzschia spp. ocorreram significativamente apenas em 2009, principalmente na Baía Sul e entre os meses de janeiro a março, durante o verão. Em geral, a divulgação do fenômeno na mídia aberta apresentou informações explicativas sobre o fenômeno e alguns dados técnicos. Observa-se boa comunicação entre os órgão de monitoramento e controle do fenômeno, além do monitoramento contínuo, com contribuição para a redução de casos de intoxicação. Conclui-se que os aumentos em frequência e intensidade das florações devem ser pesquisados de maneira mais rigorosa nas questões metodológicas de periodicidade e espacialidade, e sua relação com a eutrofização antrópica deve ser elucidada. São necessários o levantamento de bons dados físicos e químicos, além da necessidade de monitorar as informações sobre a biodiversidade das áreas aquáticas. |