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O aparato alimentar consiste no conjunto de estruturas relacionadas à alimentação: dentes, ossos, articulações, músculos, ligamentos e mucosas. Nos pinípedes o aparato alimentar é importante não apenas para a alimentação, mas também para comunicação e defesa. Desta forma, o estudo dos diferentes aspectos do aparato alimentar proveem importantes alicerces para a melhor compreensão da evolução, desenvolvimento, fisiologia e história de vida. Contudo, estudos deste tipo em pinípedes ainda são poucos, concentrados principalmente em alterações dentárias e estudos preliminares sobre a articulação temporomandibular. Neste trabalho analisou-se 101 sincrânios de lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis), lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis) e leão-marinho-do-sul (Otaria byronia). Considerouse a presença e característica de alterações dentárias (número, forma, patologias, desgaste e pigmentação), além de alterações ósseas e da articulação temporomandibular (osteoartrite, displasia, osteomielite, osteocondrose dissecante, periodontite e lesão periapical). Para os dentes, a progressão da idade e traumas foram as principais causas de alterações patológicas e de uso. Já tendências evolutivas foram os principais fatores para a presença de alterações numéricas ou morfológicas. O desgaste dentário foi a alteração mais recorrente na amostra (59,7%, n=37). Nos exemplares de lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis) a alteração dentária mais frequente foi agênese (5,5%, n=4), para o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis) foram os dentes supranumerários (17,6%, n=3) e para o leão-marinho-do-sul (Otaria byronia) fratura foi a alteração dentária mais recorrente (60%, n=3). Já para alterações ósseas e da articulação, além da classe etária, o dimorfismo sexual também influenciou sua ocorrência, o que pode estar vinculado à característica poligínica das espécies, com conflitos agonísticos principalmente entre os machos durante as temporadas reprodutivas. Osteoartrite (OAT) foi a alteração mais frequente, compreendendo 30% (n= 30) da amostra, seguida da presença de periodontite (26,5%, n= 26). Em Arctocephalus australis e Arctocephalus tropicalis evidências de OAT ocorreram apenas em indivíduos adultos, 55,2% (n=16) e 58,3% (n=7), respectivamente. Em Otaria byronia foi observada em 100% dos subadultos (n=4) e 75% dos adultos (n=3). É possível inferir algumas inter-relações das alterações com o comportamento e ecologia dos pinípedes, no entanto, mais estudos são necessários para agregar ao conhecimento de cada espécie e, consequentemente, para a conservação das mesmas. |
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