Abstract:
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A 8ª Conferência Nacional de Saúde, afirma que a saúde é um direito e que o Estado deve garantir condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação de saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade. Neste contexto, a criação da ESF vem com o objetivo de tratar o indivíduo de forma integral e não só curativa (ROSA; LABATE, 2005). Já em 2008, com o objetivo de ampliar as ações da Atenção Básica e sua resolutividade, apoiando a ESF, foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). O farmacêutico está entre profissionais que podem fazer parte do NASF e este deve incluir em sua agenda de trabalho a assistência farmacêutica, mas também, ações clínicas compartilhadas, para uma intervenção interdisciplinar, com troca de saberes, capacitação e responsabilidades mútuas, gerando experiência para os profissionais envolvidos. Esse trabalho se mostra fundamental na atenção às doenças crônicas. A atenção para as pessoas com doenças crônicas envolve, necessariamente, a atenção multiprofissional (BRASIL, 2006). Dentre as principais doenças crônicas está a Diabetes e os portadores dessa doença sofrem no cotidiano com a fragmentação do atendimento. Esse foi um dos motivos que levaram algumas profissionais da Atenção Básica a realizarem um atendimento diferente colocando na prática algumas ações que são previstas aos profissionais do NASF, nesse caso a interconsulta. Mello Filho e Silveira conceituam a interconsulta como uma ação de saúde interprofissional e interdisciplinar que tem por objetivo integrar e promover a troca de saberes de diferentes atores que atuam nos serviços de saúde, visado o aprimoramento da tarefa assistencial. Faz-se por meio de pedido de parecer, discussão de caso e consulta conjunta (2005, p. 148). Objetivo: Relatar como ocorreram as interconsultas entre profissional Farmacêutica residente em um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal de Santa Catarina e profissionais de enfermagem de um Centro de Saúde de Florianópolis-SC, com pacientes que fazem uso de insulina. Metodologia: O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência. Foram realizadas 25 interconsultas com pacientes insulinodependentes, de um Centro de Saúde de Florianópolis, ao longo de 2015 e 2016. Todas as consultas foram norteadas por um roteiro de perguntas, práticas e orientações básicas adaptado do Caderno de Estratégia para o cuidado da pessoa com doença crônica: Diabetes Melllitus Resultados: A partir da necessidade de realizar a troca do glicosímetro, pensou-se em fazer um atendimento de forma mais completa aos pacientes, visto que, muitos estavam sem o acompanhamento adequado pelos profissionais do Centro de Saúde. Muitos pacientes são polimedicados, pensou-se na articulação entre farmácia e enfermagem para se tornar um atendimento mais integral. No dia do atendimento o paciente era chamado para um consultório já organizado para o atendimento individual, com os instrumentos necessários para sua avaliação. Sendo a “interconsulta” um atendimento em conjunto, cada profissional trabalhava aspectos mais relacionados à sua área específica. As principais ações dos atendimentos foram sobre a importância do autocuidado, organização dos medicamentos, principalmente a insulina. Além disso, muitos casos foram levados para reunião de equipe para discussão sobre futuros atendimentos e novos encaminhamentos. Muitos pacientes se surpreenderam com o tipo do atendimento, perceberam que se tratava de algo diferenciado e sempre agradeciam pela atenção recebida. Considerações finais: Percebeu-se que, apesar do enfermeiro estar acostumado ao atendimento em consultório, ele muitas vezes se sentia inseguro de passar algumas orientações na qual não faziam parte da sua formação profissional. Já para o profissional farmacêutico ficou evidente após os atendimentos a diferença no vínculo com os pacientes. Quando o profissional consegue acolher o usuário de forma organizada, com o tempo adequado e principalmente mostrando interesse em ouvir o que ele tem a dizer faz a diferença na confiança que esse usuário vai ter com esses profissionais, e sentir isso na pele se mostra um choque de realidade, pois só se faz uma boa saúde da família se o usuário do SUS for devidamente acolhido. |