Title: | As condições de trabalho e a saúde dos/das motoristas do transporte coletivo de ônibus na "ilha da magia" |
Author: | Nunes, Leandro |
Abstract: |
Esta dissertação de mestrado teve como objetivo analisar as condições de trabalho no transporte coletivo de passageiros por ônibus em Florianópolis, e seus referidos impactos na saúde do/da profissional do volante. Nosso debate começa com uma abordagem histórico da evolução das cidades, partindo do Império Romano até os dias atuais. Com a Revolução Industrial, as cidades (o centro) tornam-se locais da produção e circulação de mercadorias, bem como com o advento do capitalismo, ela mesma se torna uma mercadoria disponível à venda, neste sentido, os moribundos, a classe trabalhadora, o profano, a luta de classes tem de ser expurgada destes locais, pois isto atrapalharia o movimento de valorização do capital. Destituídos destes locais, e sem quaisquer condições de fixar moradias nas áreas circunvizinhas às cidades, os trabalhadores e as trabalhadoras vão para as periferias, áreas interioranas, etc. E sendo assim, de alguma forma, a classe trabalhadora teria de se deslocar, nasce neste contexto o transporte coletivo. À passos lentos e graduais, a estrutura do transporte (estrutura das vias, tipos de transporte, itinerários, horários, entre outros) vai se modernizando. No entanto, nos dias atuais, a política de mobilidade urbana, entendida por nós como a necessidade e o tipo de transporte utilizados nos deslocamentos, tem priorizado cada vez mais o transporte individual e aliado ao crescimento do número de carros por habitantes, o que traz consequências diretas, citamos aqui como exemplo, os congestionamentos. Esta é a realidade de inúmeras cidades brasileiras, e a cidade de Florianópolis não foge à regra. Salientamos desde o início que o ônibus é o único meio de transporte de massas na capital catarinense. O primeiro meio de transporte de massas a surgir foram os bondes puxados por burros, logo depois apareceram os primeiros ônibus ainda importados da Europa e, nos dias atuais, a cidade conta com um Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), na qual apenas uma empresa é a responsável pelo transporte de passageiros e passageiras na Ilha e na parte continental, o Consórcio Fênix. Embora tenha como slogan, Sistema Integrado de Mobilidade, salientamos que, a estrutura (vias, horários, linhas, Prefeitura Municipal e empresa prestadora do serviço) que compõe o transporte coletivo na Ilha, é precário e ineficiente (conclusão tirada após análises das entrevistas com os/as usuários/as). Todo este contexto de precarização do transporte que influencia na rebeldia dos passageiros e que descontam sua ira sobre o/a motorista, constantes congestionamentos, condições de trabalho adversas a sua corporeidade, entre outros têm influenciado em impactos diretos na saúde física e mental destes/destas trabalhadores/ras. No exercício de sua atividade laboral, o/a motorista dispõe de: uma poltrona ajustável , câmbio de marchas, pedais de embreagem, freio e aceleração, chave de setas, manoplas de acionamento das portas, bem como o/a profissional exerce suas atividades fora dos muros da empresa, neste sentido, alia-se a nossas análises o trânsito, a relação com os/as usuários/as, com a empresa, com o sindicato, com os/ demais profissionais. Neste contexto adverso e precário, evidenciamos que a atividade de dirigir no mínimo seis horas e dez minutos por dia se mostra danosa não só a saúde física, mas também a saúde mental. Nossas conclusões se basearam nas entrevistas realizadas com oito profissionais num universo de mais de 700, todos mencionaram o estresse, o cansaço, bem como houve situação em que apenas um profissional, além do estresse, foi diagnosticado com labirintite, diabetes, colesterol alto e hérnia de disco. E um profissional foi diagnosticado com surdez leve e pressão alta. Cabe aqui salientar que os trabalhadores (as) que fizeram parte da pesquisa, registraram reclamações constantes de dores nas costas, ombros, pernas, cabeça ao longo da jornada de trabalho. Abstract : This dissertation aimed to analyze the working conditions in the public transportation of passengers by bus in Florianopolis, and your referrals impacts on health / professional the wheel. Our debate begins with a historical approach to the development of cities, starting from the Roman Empire to the present day. With the Industrial Revolution, cities (the center) become sites of production and circulation of goods, and with the advent of capitalism, itself becomes a commodity available for sale in this sense, the dying, the working class, the profane, the class struggle has to be purged of these sites, as this would hamper the movement of capital appreciation. Devoid of these locations, and without any conditions attaching villas in the surrounding areas to the cities, the workers and the workers go to the outskirts, inland areas, etc. And therefore, somehow, the working class would have to move, "born" in this context public transport. At slow and gradual steps, the transport structure (structure of various types of transportation routes, schedules, etc.) will be modernized. However, today, the urban mobility policy, understood by us as the need and the type of transport used in displacement, has focused increasingly individual transport and coupled with the growing number of cars per inhabitant, which brings direct consequences, quoted here as an example, congestion. This is the reality of many Brazilian cities, and the city of Florianópolis is no exception. We emphasize from the outset that the bus is the only means of mass transport in the capital of Santa Catarina. The first means of mass transportation to emerge were the trams pulled by donkeys, soon after appeared the first bus still imported from Europe and, today, the city has an Integrated Mobility (SIM), in which only one company it is responsible for the transport of passengers and passing on the island and the mainland, the Consortium Phoenix. Although the slogan, Integrated Mobility, we note that the structure (routes, schedules, lines, City Hall and company providing the service) that makes up the public transport on the island, is precarious and inefficient (conclusion drawn after analysis of interviews with the / the user / as). All this precarious context shuttle that influences the "rebellion" of the passengers and that "cashing" their anger on him / her driver, constant traffic jams, working conditions adverse to their corporeality, and others have influenced in direct impacts on physical health and these mental / these workers / ras. In the exercise of their work activities, the / a driver has: A "adjustable" armchair, gearshift, clutch pedal, brake and acceleration, arrow key, the drive door handles, as well as s / he exercises his activities outside the company's walls, in this sense, is allied to our analyzes the traffic, the relationship with the / the user / as with the company, the union, with the / other professionals. In this difficult and precarious context, we noted that the activity of driving at least six hours and ten minutes a day shown harmful not only physical health but also mental health. Our findings were based on interviews with eight professionals in more than 700 universe, all mentioned stress, fatigue, and there was situation where only a professional, in addition to stress, was diagnosed with labyrinthitis, diabetes, high cholesterol and hernia disc. And a professional was diagnosed with mild hearing loss and high blood pressure. It should be stressed that the workers (as) who were part of the research, reported constant complaints of pain in the back, shoulders, legs, head over working hours. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Florianópolis, 2018. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/189943 |
Date: | 2018 |
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PGSS0196-D.pdf | 3.567Mb |
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