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No Brasil o lazer vem sendo estudado há mais de sessenta anos e uma questão permanece inalterável - a falta de unanimidade sobre o seu conceito. Ao nos aproximarmos da literatura publicada sobre este assunto é nítida a indeterminação conceitual; corriqueira em praticamente todas as publicações. Nesta realidade, quanto mais se estuda este assunto mais o problema se intensifica e menos claro se torna. Assim, procuramos conhecer o porquê de toda essa confusão e essas dúvidas. Este foi, portanto, o maior desafio científico. Entendemos que para se avançar na apropriação teórica sobre este ou outro qualquer assunto temos que fazer pesquisa. E, com o materialismo histórico dialético é que esse imbróglio foi desvelado. Nesse sentido o estudo teve como objetivo geral, conhecer se as pesquisas realizadas no CDS/UFSC que abordam lazer, na verdade, não estariam encobrindo contradições originadas da divisão social do trabalho e usando explicações ideológicas como um meio de escamotear a realidade. A questão se fundamentou na possibilidade da aparência enganadora da base material desta problemática continuar encoberta. O eixo de toda a pesquisa, portanto, orientou-se na busca de como poderíamos revelar o que estaria concretamente escondido. Escolhemos as pesquisas cuja temática referia-se ao lazer de alguma maneira; tanto como sustentação teórica quanto presente nos objetivos. Encontramos as seguintes categorias empíricas: Lazer, atividade física, saúde/qualidade de vida e educação física; Lazer e o ecletismo; Lazer e trabalho; Lazer e tempo livre; Lazer e cultura; Lazer, estruturas e espaços públicos ou privados; Lazer e a questão psicológica ou subjetiva; Lazer e recreação; Lazer e educação; Lazer e esporte; Lazer e mídia. Nessas pesquisas foi possível constatar a mesma confusão da literatura e uma presença permanente de indefinição conceitual. O lazer foi tratado alegoricamente, como um acessório. Na realidade aparece como uma justaposição de palavras ou, em outras palavras, uma tautologia. Por outro lado concebem o trabalho em seu viés jurídico, ou seja, como emprego e não vislumbram, em sua maioria, o trabalho como determinação primeira do ser social. Negam o trabalho como atividade humana transformadora e afirmam o trabalho expropriado de modo subliminar. Legitimam a divisão da produção da vida em sacrifício (trabalho assalariado) e redenção (lazer). Os dados indicaram também que a maioria dos trabalhadores não possui tempo livre do trabalho nem condições financeiras e/ou físicas e psicológicas para legitimar esse tempo com alguma atividade redentora. Assim, vimos que as explicações dadas sobre lazer não se concretizam na prática social tendo em vista que não passam de ilusões. Consequentemente impede a elaboração e a luta por um projeto histórico de sociedade, a comunista, haja vista que idealmente já se teria uma vida plena e feliz; só nas idéias, na prática social, não. |
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