Abstract:
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O objetivo desse trabalho foi analisar, durante três anos consecutivos, socialização, as adequações necessárias e o tempo de engajamento de uma criança com paralisia cerebral (PC) atáxica engajada no Programa de Atividade Motora Adaptada. Essa pesquisa descritiva, qualitativa e longitudinal, do tipo estudo de caso, analisou intencionalmente uma criança com PC e com comprometimento auditivo e cognitivo associado. Todas as atividades são filmadas e ocorrem em dois encontros semanais, com duração média de 2 horas e podem ser no solo ou na água. Para coleta de dados, selecionaram-se seis aulas, no solo, durante seis semestres consecutivos, entre 2008 a 2010. Os pré-requisitos para a seleção das aulas foram: que o aluno estivesse presente; que houvesse proporção de um adulto para cada criança com deficiência e que as aulas ocorressem nos meses de junho ou novembro. Após a seleção das aulas, realizouse o registro cursivo, minuto-a-minuto, possibilitando identificar os tempos das aulas (total, transição, atividades), os tempos de engajamento do aluno (fora de foco, ocupação e desperdício), as adequações que permitem sua participação e as interações sociais entre o aluno e todas as pessoas presentes na aula. No que se refere ao tempo da aula, a duração máxima e mínima das aulas foram, aproximadamente 51 minutos (Semestre II) e 41 minutos (Semestre IV); os tempos em atividade variaram de aproximadamente 42 minutos (Semestre I) à 33 minutos (Semestre III); os tempos de transição máximo e mínimo foram aproximadamente 3 minutos (Semestre I) e 9 (Semestre II). No que tange o tempo do aluno, a mínima e a máxima, resultaram aproximadamente 18 minutos (Semestre II) e 5 minutos (Semestre III) fora de foco; 13 minutos (Semestre II) e 26 minutos (Semestre V) em ocupação; 4 minutos (Semestre II) e 12 minutos (Semestre IV) em desperdício, respectivamente. Quanto às adequações, notou-se que implicaram no engajamento do aluno e que podiam ser fornecidas através de materiais específicos ou, ainda, através de profissionais. Além do fornecimento de auxílio, os profissionais o auxiliaram em tarefas de auto-cuidado e, com o passar dos anos, as crianças com deficiência desenvolveram o senso de auxiliá-lo nas aulas. Por fim, as interações sociais de todos os seis semestres analisados oscilaram, sendo a quantidade mínima 65 interações (Semestre VI) e a quantidade máxima 158 interações (Semestre V). Pode-se refletir que os tempos de transição e de atividades estão diretamente relacionados porque o professor pode reduzir as transições e aumentar o tempo de execução das tarefas. Também, constatou-se que as interações e os tempos em ocupação não foram crescentes a cada aula. Há fatores como, por exemplo, as atividades, adequações, características pessoais do aluno, proporção de adultos por criança e, sobretudo, o preparo do profissional para trabalhar com o aluno podem facilitar ou dificultar sua participação. Além disso, a aula com maior quantidade de pessoas não teve maior quantidade de interações sociais e as crianças presentes não foram as mesmas em todas as aulas. As crianças mais procuradas foram: uma com deficiência intelectual e com deficit de atenção e hiperatividade e outra com PC e com pouco comprometimento motor. Os acadêmicos mais procurados foram os que o auxiliaram e forneceram adequações. Cabe aos educadores planejar e elaborar atividades que respeitem a fase de desenvolvimento da criança. Nesse sentido, o progresso do aluno ficou em evidência, logo, fazer amigos, divertir-se nas aulas e o envolvimento da família oportunizaram seu desenvolvimento motor e social. O alunou passou a expressar suas vontades com maior facilidade. Sugerem-se mais estudos na área, principalmente relacionados à Educação Inclusiva, considerando a participação e a interação social de crianças com deficiência com crianças sem deficiência. |