Abstract:
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O presente trabalho objetiva refletir acerca da infância contemporânea. Tratando-se de uma temática abrangente, delimitou-se as seguintes fundamentações teóricas para nortear a pesquisa: a infância, mais especificamente a Sociologia da infância, a relação entre a “sociedade de consumo” e a infância, e os espaços de consumo destinados às crianças em shopping centers de Florianópolis. A pesquisa é de cunho qualitativa: foi realizada uma revisão de literatura e uma pesquisa de campo para realizar inventários do espaços em dois shopping centers de Florianópolis, além de entrevistas com pais de crianças nos centros comerciais em questão. Sarmento, subsidiado pela Sociologia da infância, apresenta transformações e rupturas presentes na contemporaneidade e as relaciona à desencadeamentos que afetam diretamente a infância contemporânea, com destaque para as alterações no sistema simbólico infantil, que imputa novos tempos e espaços sociais ocupados pelas crianças, além da reentrada da infância na esfera econômica. Ainda assim, o autor considera as crianças seres autônomos, atores-sociais, que mesmo sofrendo influências do contexto em que estão inseridas e do mundo dos adultos, mantêm sua identidade e cultura infantil, inerente a todas as crianças, que é envolvida por quatro eixos: interatividade, ludicidade, a fantasia do real e a reiteração. As crianças de nossos dias brincam menos nas ruas, tem limitações na mobilidade urbana. De maneira geral o processo de urbanização gera insegurança, medo entre as pessoas e têm alterado consideravelmente as formas que a criança contemporânea se relaciona com a cidade e o espaço público. Tratam-se de espaços relevantes para que a criança adquira independência de mobilidade/autonomia e possa ver e viver a cidade, e, assim, possa usufruí-los para o seu desenvolvimento físico (correr, saltar, jogar), intelectual (estimular a imaginação) e social (como lugar de encontro e das relações sociais). Fazemos parte da “sociedade de consumo” inserida em uma sociedade capitalista, que é determinada pela lógica do lucro. Neste sentido, o consumo encontra-se determinado pelo complexo processo constitutivo dos desejos humanos. A infância é um nicho mercadológico em evidência e as crianças aprendem a ser consumidoras, compreendendo ao longo de seu desenvolvimento a possibilidade de um produto responder a um desejo. O shopping center é um espaço prático e confortável que representa as relações da sociedade com o consumo. Assim, destina lugares para crianças em seu interior e reforça seu afastamento com o espaço público. Cidadãos e consumidores nem sempre se conciliam, ainda mais quando falamos de crianças. A contemporaneidade é marcada por um enfraquecimento decisivo do ser social e os homens estão perdendo a capacidade de identificar seus direitos e deveres sociais. Conclui-se que a infância contemporânea está envolvida por paradoxos, à medida que a sociologia da infância enxerga a criança como ator-social e em contrapartida, as transformações de nossos dias parecem visualizá-la como ser assujeitado. É preciso pensar a construção de políticas integradas para a infância, capazes de reforçar e garantir os direitos das crianças, sua inserção plena na cidadania ativa. Há necessidade de abordar tais abordagens na formação inicial, continuada e na Educação Física na educação Infantil. |