Abstract:
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Os últimos três séculos mudaram drasticamente a história da humanidade, uma série de revoluções deu nova organização ao trabalho e as relações humanas. Saímos de uma fase de sobrevivência para entrar em uma fase de prosperidade. A escassez não é mais um problema e pela primeira vez produzimos coletivamente o necessário para uma vida digna a todos os seres humanos da terra. Porém, essas condições não estão disponíveis para todos. Com a ascensão da burguesia ao poder político, especificamente com a Revolução Francesa, em 1789,o capitalismo se efetiva no poder político e torna o modo de produzir e organizar a vida uma forma hegemônica em, praticamente, todo o mundo. A materialização desse processo se dá em várias fases, a fase atual, a imperialista vem acompanhada de mais uma crise – as crises são comuns nesta sociedade, que implica na reestruturação produtiva orientada, politicamente, pelos ideais neoliberais. É a efetivação de medidas que diminuem a presença do Estado em tudo que for possível por um lado e, por outro, deixa nítido que a universalização da educação não é prioridade. A propriedade privada fica enaltecida e a riqueza social produzida por todos permanece concentrada nas mãos de poucos. Dessa forma é determinante que esta sociedade privilegie o econômico/propriedade privada e assegure, politicamente, a sua presença diretamente no sistema educacional. Encontramos essa particularidade nas políticas públicas ao serem consubstanciadas nas leis, vale dizer, por meio das políticas educacionais. Por tudo isso esta pesquisa, de cunho dialético, procurou conhecer por meio dos documentos que dizem respeito a proposta curricular do estado de Santa Catarina para o ensino da Educação Física nas escolas as contradições que possam ao mesmo tempo encobrir e explicitar a posição de classe nos documentos analisados e a luta entre elas, e se no âmbito geral da politica são conservadores e/ou percebem a urgência da transformação social com vistas a outra sociedade. Observamos, nas análises, pequenos avanços e também grandes retrocessos, mesmo com os movimentos populares reivindicando a educação pública e gratuita para todos. A burguesia consegue fazer seus interesses de classe se sobressaírem aos da maioria da população. No Brasil, isso está presente desde as nossas primeiras leis republicanas, e segue se repetindo em cada momento da política brasileira. Na correlação de forças do legislativo, a classe trabalhadora está sempre em posição de minoria e com isso as conquistas são ínfimas. Prontamente, as leis atuais, fruto dessa tensão/luta histórica, garantem a manutenção do modelo capitalista de sociedade constatada nos documentos aqui analisados. Usam uma estratégia em que no papel, nos documentos, defendem a classe trabalhadora, a humanização, no entanto, buscam criar consenso e escondem a defesa do projeto da burguesia mundial. Os documentos obedecem as determinações da economia mundial capitalista e buscam a formação para o mercado usando conceitos da pedagogia crítica. É constante dissimularem a relação de exploração, ou, melhor dizendo, as relações sociais de produção. Logo, a proposta analisada segue as indicações internacionais de capacitação do proletariado (para o Capital) e disfarçam as condições de dominação e exploração do trabalho assalariado destacando a privatização como elo de desenvolvimento. |