Title: | Avaliação retrospectiva de medicamentos prescritos via sonda nasoenteral a pacientes internados em clínica médica de um hospital universitário |
Author: | Carré, Mússia de Castro e Silva |
Abstract: |
A via de administração de medicamentos mais utilizada é a via oral, por ser considerada a mais segura, conveniente para o paciente e de menor custo. Em ambiente hospitalar, pacientes que recebem nutrição enteral (NE) também recebem medicamentos por esta via, tanto em formas farmacêuticas sólidas, quanto líquidas. Devido à administração de medicamentos por sonda não ser prevista pelos fabricantes, esta prática fica sob a responsabilidade dos profissionais que prescrevem, dispensam e administram esses medicamentos. Entretanto, inúmeros fatores fisiológicos e biofarmacêuticos poder afetar a biodisponibilidade oral de fármacos. A perda da integridade da forma farmacêutica para administração via sonda pode resultar em modificação na biodisponibilidade, apresentando risco de inefetividade terapêutica ou toxicidade. Considerando o exposto, o presente estudo foi realizado de forma retrospectiva, transversal de abordagem quantitativa e teve como objetivo avaliar a administração de medicamentos por sonda nasoenteral (SNE) em uma população de pacientes internados em Clínica Médica de um Hospital Universitário, no período de 01 de julho a 31 de dezembro de 2015. Entre os pacientes avaliados, predominou o sexo feminino (57,9%) e a faixa etária de 61 a 80 anos (42%). Doenças infecciosas foram as causas mais frequentes de internação hospitalar, seguida de doenças do aparelho circulatório e aparelho respiratório. Os eventos adversos com sonda mais frequentes foram trocas e saídas inadvertidas, com 55,9% e 41,2% dos eventos ocorridos, respectivamente. Foram prescritos 69 fármacos via SNE, em 68 especialidades farmacêuticas. Com relação às formas farmacêuticas, prevaleceram as sólidas, perfazendo 89,7% das prescrições. A mediana do número de medicamentos prescritos via SNE foi de 6 por paciente. O tempo de internação na unidade e o número de medicamentos prescritos via SNE apresentou um coeficiente de correlação (rho) de 0,635. Das especialidades farmacêuticas administradas, 25 apresentavam restrições quando ao uso via sonda nasoenteral, e 10 poderiam ter sua absorção e biodispobilidade seriamente afetadas por esse modo de administração. O Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) foi empregado como ferramenta para compreender em que situações problemas de biodisponibilidade poderiam ocorrer. Quanto ao SCB, 29,4% dos fármacos prescritos pertencia a classe II, 20,6% à classe III, 14,7% à classe I e 11,8% à classe IV. Ainda, 6 fármacos prescritos possuíam baixo índice terapêutico. A avaliação de fármacos para administração via SNE pode se tornar complexa, na medida em que as variáveis a serem consideradas são inúmeras, e envolvem o conhecimento das propriedades físico-químicas dos fármacos, do perfil farmacocinético, das interações fármaco e dieta e, também, do quadro clínico do paciente. Fatores biofarmacêuticos, informações sobre a formulação e o tipo de forma farmacêutica utilizada pelo hospital auxiliam na análise do preparo e administração destes medicamentos. Uma dificuldade que pode ser encontrada nesta análise é a inconstância dos fabricantes utilizados pelo hospital, pois as composições das formulações são variáveis. O conhecimento das características do fármaco, da forma farmacêutica e dos fatores que afetam sua disposição in vivo é de grande importância para a tomada de decisão quanto ao preparo e administração de medicamentos por SNE, principalmente para fármacos com baixo índice terapêutico, pois, dependendo do fármaco, podem necessitar de monitoramento das concentrações plasmáticas, de parâmetros laboratoriais ou fisiológicos. Além disso, esta avaliação deve ser relacionada ao quadro clínico do paciente em questão e, portanto, realizada individualmente, caso a caso. Abstract : A more accessible route for drug administration is the oral route, since it is considered safe and convenient for the patient, besides to have a lower cost. In the hospital environment, patients who receiving enteral nutrition (EN) also receive solid and liquid dosage forms by the same way. Since the administration of drugs through a feeding tube is not expected by manufacturers, this practice is under the responsibility of professionals who prescribe, dispense and administer these medications. However, several physiological and biopharmaceutical factors may affect the drug oral bioavailability. Loss of integrity of the dosage form for administration through a feeding tube may lead to changes in the oral bioavailability, which may result in therapeutic inefficacy or toxicity. Considering the above mentioned, the aim of this study was to evaluate the administration of medications by enteral feeding tube (EFT) in a population of inpatients of the Internal Medicine Clinic of a University Hospital, from July 1 to 31, 2015. Among the patients, female patients (57.9%) and patients aged between 61 and 80 (42%) were prevailing. Infectious diseases were the most frequent causes of hospitalization, followed by the circulatory and respiratory system diseases. The most frequent adverse events were the exchange and inadvertent removal of the feeding tube, which corresponded to 55.9% and 41.2%, respectively. Sixty-nine drugs were prescribed through enteral feeding tube, which were formulated in 68 different marketed pharmaceutical products. Solid pharmaceutical dosage forms were prevailing, corresponding to 89.7% of the prescriptions. The median number of the prescribed medications through EFT by patient was 6. The length of stay in the unit and the number of medications prescribed by EFT demonstrated a correlation coefficient (rho) of 0.635. Among the medications, 27 pharmaceutical products presented restrictions regarding the use through EFT and in 10, the EFT use could lead to seriously changes in their oral absorption and bioavailability after administration. The Biopharmaceutical Classification System (BCS) was used as a tool to predict in which situations bioavailability could be affected by the use of a feeding tube. According to BCS, 29.4% of the drugs prescribed belonged to class II, 20.6% to class III, 14.7% to class I and 11.8% to class IV. Moreover, 6 prescribed drugs exhibited a narrow therapeutic index. The evaluation of the administration of drugs through enteral feeding tube can be a complex task to undertake, since several aspects should be considered, including the knowledge of the drug physicochemical properties, the drug pharmacokinetic profile, the potential of interaction between drug and diet components, and the patient's clinical condition. The knowledge of biopharmaceutical issues, the pharmaceutical product composition and the characteristics of the pharmaceutical dosage form also may be useful in the decision-making process to find out the better conditions to prepare and to administer drugs to patients who are being feeding by EFT. One of the great difficulties observed when evaluating the use of EFT by hospital inpatients consisted in the use of medications acquired by different manufacturers, in which may differ in their excipient composition. Also, drugs exhibiting narrow therapeutic index were a special concern, and when used by EFT, the blood concentration and laboratory parameter monitoring are strongly recommended. Finally, the evaluation of the use of medication by EFT should be correlated to the patient clinical conditions and, therefore, it should be performed individually, case-by-case. |
Description: | Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Florianópolis, 2018. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/193211 |
Date: | 2018 |
Files | Size | Format | View |
---|---|---|---|
PFMC-P0021-D.pdf | 1.348Mb |
View/ |