Abstract:
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O câncer de mama é um dos mais comuns entre as mulheres e um dos fármacos preconizados para o tratamento dessa doença é o paclitaxel (PTX). Contudo, um efeito adverso muito frequente com o uso desse fármaco é o desenvolvimento de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ), a qual pode afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes em tratamento quimioterápico, bem como pode gerar casos de resistência ao fármaco e afetar a eficácia terapêutica. Estudos mostram que animais com neuropatia periférica induzida por quimioterapia, neste caso por paclitaxel, apresentam danos em mitocôndrias, levando ao aumento de espécies reativas de oxigênio (ERO) e nitrogênio (ERN) e, consequentemente, desenvolvimento de um quadro de estresse oxidativo. Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da N-acetilcisteína (NAC), ácido lipoico (AL) e vitamina E, todos antioxidantes, na hiperalgesia mecânica e alodinia ao frio em modelo de neuropatia periférica induzida pelo paclitaxel em camundongos fêmeas da linhagem Swiss. A neuropatia foi induzida através da administração intraperitoneal de paclitaxel 5 mg/kg e o tratamento com os antioxidantes foi realizado por via oral (gavagem), todos na dose de 50 mg/kg, durante 14 dias. Para avaliar a nocicepção mecânica e térmica foram utilizados os testes de Von Frey e da placa fria, respectivamente. Após a finalização do tratamento, foram realizadas análises bioquímicas para avaliar os níveis de marcadores de toxicidade hepática e renal, como alanina aminotransferase (ALT) e creatinina, além das dosagens do perfil de estresse oxidativo (detecção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico – TBARS –, detecção de grupamentos sulfidril e detecção de proteínas carboniladas). Além disso, através do implante de tumores subcutâneos de Ehrlich, avaliamos se os antioxidantes possuem efeitos anti ou pró-tumorais in vivo. O tratamento com os antioxidantes reduziu a nocicepção mecânica e alodinia ao frio induzida pelo paclitaxel quando iniciado concomitante com o quimioterápico. As mesmas doses antioxidantes que atenuaram parâmetros de nocicepção também inibiram a lipoperoxidação em tecido hepático induzida por paclitaxel, ao passo que a carbonilação proteica e alterações em tióis proteicos não foram alteradas pelo antitumoral. Em modelos de tumor subcutâneo, o crescimento tumoral não foi negativamente afetado pelo uso dos antioxidantes, porém a linhagem celular implantada mostrou-se resistente ao paclitaxel. Sendo assim, os dados mostram que o uso da NAC, ácido lipoico e vitamina E pode ter relevância farmacológica no tratamento da NPIQ, embora nossos estudos tenham sido realizados em modelo não-clínico de NPIQ. Aprovação CEUA-UFSC n ° 3722260417. |