Abstract:
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O presente trabalho teve por objetivo identificar as principais tendências e divergências acerca do debate de gênero e feminismo no serviço social brasileiro, visando contribuir para o levantamento sobre o Estado da Arte da discussão na categoria. A fim de alcançar este objetivo, realizou-se levantamento dos programas de pós-graduação em serviço social, política social e/ou políticas públicas do país. Em seguida, foram identificados os periódicos científicos vinculados a estes programas e levantados os artigos publicados nestes periódicos indexados sob os descritores “gênero e feminismo”, no período compreendido entre 2015 e 2018. Por fim, realizou-se análise do conteúdo discutido nos artigos, tomando como norteadoras as categorias gênero/sexo e patriarcado, feminismo, trabalho e a articulação entre gênero/sexo, raça/etnia e classe social. De maneira geral foi possível identificar que, apesar do debate ter crescido no interior da categoria profissional no último quadriênio, a discussão acerca das relações de gênero e do movimento feminista ainda é incipiente. As categorias trabalho, raça/etnia e classe social não são tomadas pela maioria das produções como centrais para o debate. No campo dos movimentos feministas, identificou-se a constatação hegemônica acerca de sua pluralidade, porém, poucos(as) foram os(as) autores(as) que demarcaram claramente seu posicionamento acerca da perspectiva teórico-metodológica e da vertente feminista defendida em suas produções. A menção à relevância dos estudos sobre gênero e feminismo para o serviço social também não é realizada pela maioria dos(as) autores(as). Constatou-se, ainda, que o debate de gênero e feminismo é realizado nas produções visando fornecer subsídio para discussões acerca de outros temas como a violência contra a mulher, o feminicídio, as políticas públicas e sociais e o Estado. Para este fim os(as) autores(as) discutem outras categorias como maternidade, feminilização da pobreza, familização, autonomia, poder, empoderamento, representatividade, ideologia, família, consciência, alienação e democracia. A partir da análise de conteúdo realizada foi possível reafirmar a defesa da inclusão da temática de gênero e feminismo como componente curricular obrigatório nos cursos de serviço social do país, bem como da utilização do materialismo histórico- dialético para os estudos de gênero com vistas ao fortalecimento do projeto ético-político do serviço social e à formação crítica dos assistentes sociais brasileiros. Com base nas discussões identificadas acerca do movimento feminista, defendemos o feminismo socialista com caráter antirracista como tática de luta para a emancipação das mulheres e de todos os seres humanos. |