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Introdução: A violência contra a mulher figura no cotidiano das cidades, do país e do mundo como um um fenômeno antigo, o qual vem assediando as mulheres no decurso da história. Em meio às diversas formas de violência contra a mulher, encontra-se a violência obstétrica, cuja expressão se aplica na descrição de copiosas ações de violência, contra a mulher, e é empregada para descrever e incluir inúmeras ações de violência durante a prática obstétrica profissional. A despeito de todas as táticas e a incansável diligência na instituição da humanização a fim de gerar um cuidado obstétrico e neonatal de qualidade com dignidade, ainda há numerosos relatos de puérperas descrevendo violências sofridas nesse período, violando seus direitos ao respeito e dignidade. Objetivo: Descrever as violências obstétricas no pós-parto, sofridas por puérperas participantes de um grupo de gestantes e casais grávidos. Método: pesquisa de caráter descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa. Coleta de dados realizada em documentos armazenados no banco de dados do Grupo de Gestantes e Casais Grávidos de Universidade Federal de Santa Catarina. As participantes foram puérperas que registraram seus relatos nos reencontros dos grupos, totalizando 56 participantes; destes, foram destacados 13 relatos que continham vivências de violência obstétrica. A análise de dados foi realizada conforme análise de conteúdo de Minayo. Cuidados éticos: Em conformidade a Resolução 466/2012. Projeto vinculado ao macroprojeto de pesquisa intitulado “20 Anos do Grupo de Gestantes e Casais Grávidos: Trajetória Histórica, Perfil, Impacto, Percepções e Contribuições para os Envolvidos”, aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina sob parecer 2.051.643, CAAE 63797417.4.0000.0121. Resultados: os resultados obtidos geraram um manuscrito com o objetivo de descrever as violências obstétricas vivenciadas no puerpério, resultando na definição de uma categoria principal, “atendimento desumanizador e degradante”, subdividida em sete subcategorias: omissão de informações; apoio desumanizado à amamentação; atendimento desumanizado; informações prestadas em linguagem pouco acessível; culpabilização, desprezo e humilhação; ameaça e coação; e descaso e abandono. Neste estudo, foi perceptível a incidência maior de violência obstétrica referente à subcategoria de “apoio desumanizado à amamentação, sucedido por “informações repassadas em linguagem pouco acessível”. Foi constatado que é necessário ouvir e acatar os relatos dessas mulheres como uma forma de contribuição para o seu enfrentamento; que os profissionais de saúde necessitam empreender um cuidado humanizado efetivo; e que se faz necessário mais estudos frente ao assunto. Considerações finais: o presente estudo, apesar de ter encontrado limitações devido à escassez de literatura sobre o tema, é passível de fornecer importantes contribuições para o desenvolvimento de um cuidado embasado na humanização na diligência da abolição da violência obstétrica. |
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