Abstract:
|
Raramente questionamos de onde vem nossas verdades, por exemplo, sobre o modo
de representar as imagens tridimensionais e, em qual feixe de problemas este modo de
representação se debateu e se instituiu como a prática verdadeira para olhar e para
representar imagens. Pensar, portanto, sobre a maneira pela qual, no presente, nos
relacionamos com os saberes, com as formas de representações e com o modo de
olhá-las constitui-se no tema de estudo desta Tese. Assim sendo, concentra-se no
campo da história, no cruzamento entre técnica, arte e cultura moderna do olhar, para
entender que nosso modo de olhar e de representar é inventado, instruído, fabricado,
enfim, é histórico. A investigação dá-se, então, na história da perspectiva para mostrar
como os sujeitos, os saberes, os modos de representar e de olhar vão se constituindo
dentro de um campo específico de problematizações, para compreender como a
técnica da perspectiva central e suas congêneres, se desenvolveram imbricadas às
problemáticas da modernidade: infinitude do mundo, conceito de representação,
organização racional do espaço, subjetividade e indivíduo, disciplina e controle social,
que se constituíram nas questões colocadas pelos contemporâneos junto às
emergências políticas, econômicas e sociais do Renascimento. A Tese organiza-se em
torno de quatro ensaios de maneira que em cada um deles a técnica da perspectiva é
experimentada e realizada sob o foco de uma das questões. O material de análise para
se fazer esta imersão encontra-se no campo das artes, da arquitetura e engenharia, e
das técnicas, seja nas práticas artísticas do Renascimento quando da instauração da
técnica da perspectiva central associada às formas de ver, de pensar e de se relacionar
com o mundo físico, social e consigo mesmo, seja nas obras plásticas ligadas à época
da Representação quando representar e representar-se necessitava de uma boa
configuração da imagem, ou ainda, na iconografia ligada à sociedade disciplinar que
gera novos usos do espaço e, então, formas mais controladas e visíveis para
representar. Tudo isso para compreendermos que se construiu um modo de olhar que
é pautado numa técnica, a técnica da perspectiva, portanto, um modo de olhar que é
racional, objetivo, perspectivado e que se faz, enfim, no modo atual de representação
iconográfica e no modo de olhar estas representações. Significa, enfim, pensar a
questão da visualização, na educação matemática, como trabalhada dentro de um
regime específico de visibilidade, de saber, o que pode possibilitar o entendimento das
complexidades desta atividade. |