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Introdução: Pessoas surdas estão presentes em todos os ambientes da sociedade, vivenciando situações conflituosas no quotidiano, como: a dificuldade de comunicação, de acesso à saúde e à educação regular e superior, de lazer e no âmbito do trabalho. Objetivo: Compreender as potências e os limites no quotidiano da formação dos estudantes de graduação no cuidado à pessoa surda. Método: trata-se de um estudo qualitativo e interpretativo, desenvolvido com 18 estudantes de Cursos de Graduação da Universidade do Sul do Brasil, sendo: 04 estudantes do Curso de Enfermagem; 04 de Farmácia; 04 de Fonoaudiologia; 03 de Medicina; 01 de Nutrição; 01 de Odontologia e 01 de Psicologia, no período de outubro a novembro de 2019. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas individuais, adotando-se um roteiro semiestruturado, contendo questões sobre a vivência dos estudantes no cuidado à pessoa surda. Para análise das entrevistas foi utilizado o método de Análise de Conteúdo Temática de Bardin, guiada pelo olhar da Sociologia Compreensiva e do Quotidiano de Michel Maffesoli. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, através do Parecer Nº 3.631.821 e CAAE: 20420419.7.0000.012. Resultados: as potências no quotidiano da formação dos estudantes se mostram quando estes buscam maneiras de se comunicar por meio da escrita, mímica, gestos, desenho e da fala pausada, que se apresenta pelo desejo de cooperação. Falar Libras e integrar-se à comunidade surda é uma potência na formação do estudante, possibilitando desenvolver capacidade crítica, reflexiva e de compromisso social. Mesmo que a comunicação em Libras não seja fluente entre a pessoa surda e o profissional da saúde, a possibilidade de ser ouvido e compreendido em suas necessidades, possibilita uma comunicação interpessoal mais afetiva, portanto efetiva e empática. A tecnossocialidade por meio de aplicativos estimula o protagonismo da pessoa surda acerca da compreensão do processo saúde-doença. Os limites no quotidiano da formação se fundamentam na dificuldade da comunicação, potencializada pela inobservância dessa temática na formação dos estudantes. Os modelos e práticas pedagógicas atuais são insuficientes porque não atendem, em sua totalidade, às demandas de cuidado à pessoa surda ao longo da formação. A comunidade surda, que tem seus direitos de acesso à saúde negligenciados pela falda de comunicação adequada e satisfatória nos ambientes em saúde, colocando em risco a segurança da pessoa surda. Disciplina introdutória de Libras, isolada da vivência técnica dos cursos da área da saúde não é suficiente para atender as necessidades da pessoa surda no contexto da saúde. Faz-se necessário conhecer os sinais dos termos técnicos e específicos para se fazer entender e passar as informações necessárias. Conclusão: Conclui-se que os estudantes se sentem despreparados para o cuidado à pessoa surda, denotando a necessidade de refletir sobre os currículos dos cursos da área da saúde e possibilitar a inclusão da disciplina de Libras como obrigatória, integrada à prática clínica para possibilitar a qualidade da comunicação em todos os níveis de atenção à saúde, de modo que ao desenvolver um cuidado efetivo e de melhor qualidade. |
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