Potencial antioxidante e antifúngico de extratos de bráctea e semente de Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze

Abstract

Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze é uma espécie nativa da mesorregião Serra Catarinense, cujas sementes (pinhões) são utilizadas como fonte de alimentos, porém suas cascas e a água de cozimento são descartadas. Além disso, toneladas de brácteas de araucária são descartadas anualmente, levando ao seu desperdício e gerando resíduos ao meio ambiente. A busca pela preservação do meio ambiente tem gerado a necessidade de métodos alternativos para o controle de fitopatógenos na agricultura, buscando-se assim, minimizar os impactos ambientais do uso de agrotóxicos, e da resistência dos fitopatógenos. Adicionalmente, a avaliação da atividade antioxidante in vitro é uma importante etapa preliminar na elucidação do potencial biológico de plantas, pois esses ensaios podem demonstrar tanto efeitos antioxidantes como pró-oxidantes, que podem estar relacionados com a atividade biológica avaliada. Este estudo quantificou os compostos fenólicos e flavonoides totais e avaliou a atividade antioxidante e antifúngica de extratos das brácteas e das cascas das sementes de araucária. O teor de compostos fenólicos totais foi maior no extrato aquoso das cascas do pinhão (EAP), mas o teor de flavonoides e a atividade antioxidante não diferiu do extrato aquoso de brácteas (EAB). Comparando os extratos aquoso e hidroalcoólico de brácteas entre si (EAB x EHB), obteve-se maior teor de fenólicos e flavonoides totais para o EHB, porém menor potencial antioxidante tipo SOD comparado ao EAB. O EHB apresentou maior potencial antifúngico (entre 80 - 960 µg.mL-1) com uma inibição do crescimento micelial de até 61% (concentração de 960 µg.mL-1) para o fitopatógeno Sclerotium cepivorum, contra 29 e 20% de inibição para o EAB e EAP, respectivamente. Para o fungo Sclerotium rolfsii, a inibição do crescimento micelial pelos três extratos foi menor, sendo 15,83, 10,97 e 4,3% para o EHB, EAP e EAB, respectivamente, na concentração de 960 µg.mL-1. Nenhum dos três extratos inibiu o crescimento micelial do fungo Sclerotinia sclerotiorum. Os resultados indicam o potencial das brácteas de araucária para o controle de fitopatógenos, em especial, do S. cepivorum, responsável por importantes perdas econômicas na cultura de alho. Essa atividade antifúngica especialmente demonstrada sob extração hidroalcoólica, atenta para a importância de se otimizar as condições adequadas de extração, a fim de melhor recuperar os compostos bioativos (fenólicos totais e flavonoides) e o potencial antifúngico das brácteas.

Abstract : Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze is a native species from Serra Catarinense mesoregion, whose seeds ( pinhões ) are used as food sources, however its coats and the cooking water are discarded. Moreover, tons of araucaria bracts are discarded annually, leading to their loss and generating waste to the environment. The search for preservation of the environment has generated the need for alternative methods for the phytopathogens control, seeking to minimize the environmental impacts of the use of pesticides and the resistance of phytopathogens. In addition, the evaluation of in vitro antioxidant activity is an important preliminary step in elucidating the biological potential of plants, since these assays can demonstrate both antioxidant and pro-oxidant effects, which may be related to biological activity evaluated. This study has quantified the total phenolic and flavonoids content and has evaluated the antioxidant and antifungal activity of extracts of araucaria bracts and seed coats. The phenolic compound content was higher in the aqueous extract of seed coats (AEP), but de flavonoid content and the antioxidant activity was not different from the aqueous extract of bracts (AEB). Comparing the aqueous and hidroalcoholic extracts of bracts among them (AEB x HEB), it was obtained higher phenolic and flavonoids content for HEB, however, a lower SOD-like antioxidant potential compared to AEB. HEB presented a greater antifungal potential (between 80-960 µg.mL-1) with an inhibition of mycelial growth up to 61% (at the concentration of 960 µg.mL -1) for the phytopathogen Sclerotium cepivorum against 29 and 20% inhibition for AEB and AEP, respectively. For the Sclerotium rolfsii fungus, the inhibition of mycelial growth by the three extracts was lower, being 15.83, 10.97 and 4.3% for HEB, AEP and AEB, respectively at the concentration of 960 µg.mL-1. None of the three extracts inhibited the mycelial growth Sclerotinia sclerotiorum fungus. The results indicate the potential of the araucaria bracts for the control of phytopathogens, especially S. cepivorum, which is responsible for important economic losses in the garlic crop. This antifungal activity is especially demonstrated under hydroalcoholic extraction, which considers the importance of optimizing the appropriate extraction conditions, in order to better recover the bioactive compounds (total phenolic and flavonoids) and the antifungal potential of the bracts.