Title: | O quintal açoriano: fragmentos e potenciais |
Author: | Canto, Fernanda Aide Seganfredo do |
Abstract: |
A ocupação de Florianópolis teve ao longo do tempo uma expressiva tradição agrícola. A partir da colonização açoriana no litoral catarinense (1748-1756), os conhecimentos indígenas e a mão-de-obra escravizada foram utilizadas pelos novos habitantes, estabelecendo-se uma forma característica de produção, inicialmente voltada à subsistência. Os intensos usos dos recursos ocasionaram na perda de parte da fauna e flora nativas e consequente modificação da paisagem. Com o processo de urbanização, sobretudo a partir de 1960, houve um declínio das práticas rurais. Os remanescentes dessas feições se encontram também nos dias de hoje, em diferentes formas e estados de conservação e de usos: áreas de relevância, como Ratones, Ribeirão da Ilha e Sertão do Ribeirão (Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri), onde há uma certa concentração de atividades agrícolas; e fragmentos desses processos, que estão por toda parte, inclusive no centro da cidade. Além disso, há novas práticas agrícolas que dão sequência a essas atividades, despontando a Agricultura Urbana. Essa expressão específica do uso da terra, que aproveita conhecimentos indígenas e africanos, adaptando-os a uma cultura açórico-madeirense, nomeia-se “quintal açoriano”, e foi desenvolvida pelos colonizadores a partir das necessidades encontradas nesse novo território. Atualmente, elementos clássicos relacionados aos sítios, – como espécies vegetais de utilidade doméstica, alimentícia e medicinal – somados a um conjunto de edificações históricas ou ruínas, denotam a característica histórico-cultural desses lugares, que resistem até hoje e necessitam de interlocutores que auxiliem em seu reconhecimento e valorização. Sua proteção e conservação adequadas podem ter implicações econômicas e sociais positivas, ligadas à manutenção de um modo de viver e de uma identidade cultural; ao fomento do Turismo de Base Comunitária; além de garantirem paisagem, habitat, corredor ecológico para dispersão da fauna e equilíbrio do modo de ocupação em função do meio ambiente e da cultura. Aliado a isso, contribui para o desenvolvimento de novas tendências, tanto a nível municipal como o Programa Municipal de Agricultura Urbana (Decreto Municipal 17.688/2017), quanto a nível federal, com a garantia do patrimônio genético associado a populações tradicionais (Lei 13.123/2015). A identificação e estudo desse patrimônio natural e cultural traz à Museologia o desafio de reconhecer e interpretar esses símbolos históricos presentes no município de Florianópolis e região, com o intuito de preservar a cultura material e imaterial e cumprir com seu papel social e de proteção do patrimônio em risco. The occupation of Florianópolis was, over time, an expressive agricultural tradition. From the Azorean colonization on the coast of Santa Catarina (1748-1756), indigenous knowledge and enslaved labor were used by the new inhabitants, establishing a characteristic form of production aimed at subsistence. As a result, there was a change in the landscape, with the extermination of part of the flora and fauna. With the urbanization process, especially since 1950, there was a decline in rural practices. The remnants of these features are still found today, in different forms and states of conservation and uses: areas of relevance, such as Ratones, Ribeirão da Ilha and Sertão do Ribeirão (Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri), where there is a certain concentration of agricultural activities; and fragments of these processes, which are everywhere, including in the city center. I In addition, there are new agricultural practices that give continuity to these activities, with the emergence of Urban Agriculture. This specific expression of land use, which takes advantage of indigenous and African knowledge, adapting it to an Azorean-Madeiran culture, is called “Azorean backyard”, and was developed by the colonizers based on the needs found in this new territory. Currently, classic elements related to the sites - such as plant species of domestic, food and medicinal utility - added to a set of historic buildings or ruins, denote the historical-cultural characteristic of these places, which resist until today and need interlocutors to assist in recognition and appreciation. Its adequate protection and conservation can have positive economic and social implications, linked to the maintenance of a way of life and a cultural identity; the promotion of Community Based Tourism; in addition to guaranteeing landscapes, habitats, ecological corridors for the dispersal of fauna and balance of occupation according to the environment and culture. Allied to this, it contributes to the development of new trends, both at the municipal level and the Municipal Urban Agriculture Program (Municipal Decree 17.688/2017), and at the federal level, with the guarantee of the genetic heritage associated with traditional populations (Law 13.123/2015). The identification and study of this natural and cultural heritage brings to Museology the challenge of recognizing and interpreting these historical symbols present in the city of Florianópolis and region, in order to preserve the material and immaterial culture and fulfill its social and heritage protection role at risk. |
Description: | TCC(graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Museologia. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/204885 |
Date: | 2020-03-03 |
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TCC Fernanda do Canto - Quintal acoriano.pdf | 55.48Mb |
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TCC Fernanda do Canto |