Neurobiologia comparada das reações de defesa: avaliação das respostas comportamentais de indivíduos machos e fêmeas de Drosophila melanogaster após diferentes períodos de isolamento social

Abstract

A Drosophila melanogaster vem se tornando um modelo animal alternativo aos roedores para estudos iniciais de transtornos mentais. O isolamento social (IS) pode ser considerado um percursor destes transtornos em humanos e roedores induzindo comportamento depressivo e aumento da agressividade. No presente subprojeto o principal objetivo foi padronizar em nosso laboratório os testes no campo aberto (CA) e labirinto em cruz (LC) para medir efeitos do IS em moscas. Dentre os objetivos específicos estão descrever e comparar os comportamentos de moscas fêmeas e machos na exploração no CA e LC após diferentes períodos de IS. O estudo foi dividido em duas etapas sequenciais: 1-estudos piloto, 2-estudos experimentais. Nos estudos piloto se desenvolveu o protocolo para aplicar o IS de 1 ou 4 dias em moscas fêmeas (n=5) e machos (n=5) antes dos testes comportamentais no CA seguido do LC durante 15 min cada. O CA é uma arena com centro e periferia enquanto o LC possui um centro e quatro braços nos quais há agar (três braços) ou banana (um braço). Para viabilizar a transferência das moscas de seus tubos aos aparatos e de um aparato para o outro, as moscas foram anestesiadas no gelo. O registro comportamental foi feito nos 10 primeiros minutos após a recuperação da anestesia usando o software Etho Watcher. A partir dos dados do piloto foi planejado o experimento 1 com o tamanho amostral adequado (n=25 por grupo) que, até o momento e por causa dos transtornos trazidos pela pandemia de Covid-19, foi apenas parcialmente realizado. No piloto os resultados indicam que as moscas fêmeas ou machos dos grupos controle ou isolado permanecerem mais tempo na periferia do CA, independente de tempo de isolamento. A preferência pela periferia do CA pode ser interpretada como resultado de thigmotaxis ou centrofobicidade. Mesmo assim, os machos caminharam mais e foram mais vezes ao centro que as fêmeas, de ambos os tempo de isolamento. No LC, as fêmeas isoladas de ambos os tempos de IS permaneceram proporcionalmente mais tempo no braço contendo banana do que as fêmeas controle, e o inverso foi visto para os machos. De qualquer maneira, a diferença não foi grande, evidenciando que o IS não foi suficiente para alterar a preferência pelo alimento açucarado. Em resumo, embora tenha sido evidente o dimorfismo sexual no comportamento das moscas no CA e LC, o efeito do IS foi muito discreto. Dado o pequeno tamanho amostral e, consequentemente baixo poder estatístico, não se pode descartar uma influência do IS sobre o comportamento das moscas. A realização do experimento 1 e, subsequentes, será fundamental para que se conclua a respeito dos efeitos do IS sobre o comportamento das moscas.