O presente artigo busca sustentar a tese de que a sociedade orientada pelo projeto neoliberal tende a produzir sofrimento sistêmico, bem como elucidar os mecanismos dessa relação. Defende-se que o projeto neoliberal de sociedade opera, grosso modo, em duas frentes (apesar da complexidade e interposição destas em diversos casos dificultar o delineamento preciso de tal distinção), a saber, enquanto um projeto econômico, social e político que desmantela o Welfare State e institui o WorkfareState, produzindo sofrimento de primeira ordem (notadamente relacionados ao trabalho e à carência de programas sociais), e enquanto uma doutrina sistêmica com conteúdo ético, gerando sofrimento de segunda ordem (notadamente o desconhecimento, por parte daquele que sofre, das causas sociais de suas mazelas). A estrutura analítico-expositiva do texto consiste num primeiro momento de definição e caracterização dos conceitos de “neoliberalismo”, “WorkfareState” e “sofrimento sistêmico”, seguida do delineamento das possíveis relações causais entre estes e, por fim, de considerações acerca das insuficiências do discurso neoliberal e uma meta análise do estudo do sofrimento sistêmico.
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Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia.