Abstract:
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O cultivo e consumo de frutas cítricas se destacam na fruticultura mundial, sendo o limão uma das culturas de grande importância comercial. O Brasil é o maior exportador de limão da variedade Tahiti e um dos grandes produtores. A variedade Tahiti (Citrus latifolia) é uma lima ácida que é comumente chamada por consumidores e autores como limão ou limão comum. As frutas cítricas são consumidas tanto in natura como processadas na forma de suco, sendo que o processamento destas frutas gera grandes quantidades de resíduos compostos por sementes, folhas e principalmente cascas. Estes resíduos de casca possuem na sua composição compostos bioativos com atividade antioxidante, como os fenólicos, capazes de proporcionar benefícios à saúde prevenindo o desenvolvimento de doenças crônicas. No entanto, as cascas cítricas são comumente destinadas à produção de ração animal, incineração, aterros sanitários ou extração de pectina, resultando em uma subutilização destes resíduos. Sendo assim, a pesquisa teve como objetivos avaliar a bioacessibilidade dos compostos fenólicos presentes no suco, no extrato aquoso da casca e na casca de limão. Inicialmente foi feita a caracterização físico-química das amostras de suco e extrato de casca. Quanto a vitamina C o extrato de casca apresentou concentrações similares as do suco (21,0 e 27,0mg ácido cítrico/100g, respectivamente). Sendo assim, o extrato de casca poderia ser adicionado à dieta enriquecendo a ingestão diária recomendada de vitamina C. Quanto à acidez e sólicos solúveis totais o extrato de casca apresentou menores valores. As amostras também foram caracterizadas quanto ao teor de polifenois totais empregando reagente de Folin-Ciocalteu e atividade antioxidante pelo método de captura do radical ABTS. O suco apresentou maior teor de polifenois totais (868,8mg GAE/L) quando comparado ao extrato de casca (398,7mg GAE/L). Quanto à atividade antioxidante o suco apresentou menor valor (6205,8mM Trolox/L) que o extrato de casca (11566,1mM Trolox/L). O menor valor encontrado para atividade antioxidante no suco de limão pode ser resultado da perda de compostos durante a extração do suco ou durante as análises e, também devido a maior concentração de compostos com atividade antioxidante na casca do que no suco, como já foi observado por outros autores. Em seguida as amostras de suco, extrato de casca e casca foram submetidas à digestão in vitro, simulando-se as fases oral, gástrica e intestinal. As frações digeridas obtidas foram analisadas quanto à atividade antioxidante e teor de polifenois totais. A partir do teor de polifenois foi determinado o índice de bioacessibilidade de fenólicos. Todas as amostras apresentaram redução de atividade antioxidante ao longo das fases da digestão. As amostras de suco e extrato de casca sofreram redução do teor de polifenois totais enquanto que as cascas apresentaram aumento do teor após a digestão in vitro. Quanto ao índice de bioacessibilidade o suco apresentou o menor índice (9,8%), seguido do extrato (23,9%) e casca (143,6%). Portanto, com base no estudo de bioacessibilidade, as amostras de extrato de casca e casca apresentaram melhores resultados, quando comparadas ao suco. Sendo assim, estes resíduos cítricos apresentaram potencial como possíveis ingredientes em formulações de alimentos ou nutracêuticos ricos em compostos bioativos. |