Abstract:
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A área de ocorrência das espécies depende da sua ecologia e história evolutiva, que por sua vez, são determinadas por interações entre uma variedade de fatores bióticos e abióticos atuando em diferentes escalas. Estes fatores podem atuar impondo uma limitação eco/fisiológica sobre a capacidade das espécies de persistir em uma determinada área ou ambiente. No ambiente marinho, a temperatura das massas d?água está entre os fatores com maior influência na delimitação e distribuição das comunidades bentônicas, principalmente as macroalgas. No entanto, as respostas eco-fisiológicas destes organismos podem variar do maior ao menor nível taxonômico, dependendo da sua história eco- evolutiva. Desta forma, entender as características dos nichos que as espécies ocupam e os processos que promovem a dispersão das espécies podem gerar resultados capazes de contribuir com programas de monitoramento de espécies invasivas, políticas de conservação de nicho e mudanças climáticas. Sendo assim, no Capítulo 1, abordamos a taxonomia em um âmbito global e avaliamos a diversidade críptica das espécies de ?alface do mar?, do gênero Ulva, grupo generalizado como oportunista. Utilizando ferramentas moleculares, sugerimos mudanças na classificação taxonômica das espécies identificadas como Ulva fasciata e Ulva lactuca na costa do Brasil, além de outras regiões. Vale destacar que este trabalho contribuiu com as primeiras sequencias (rbcL) do gênero para a costa do Brasil. A análise filogenética e haplotípica revelou a existência de táxons cosmopolitas, como era o esperado, bem como táxons restritos a determinadas condições biogeográficas, principalmente regidas pela temperatura. Além disso, ao avaliar a diversidade críptica deste grupo no Atlântico Sudoeste, detectamos a presença de uma espécie exótica (Ulva ohnoi), considerada oportunista e invasora em várias partes do mundo. Ainda neste contexto, a detecção de outras duas espécies exótica no Atlântico Sudoeste foi abordada no Capítulo 2. Este estudo relatou a primeira ocorrência de jangadas de Macrocystis pyrifera e Durvillaea antarctica na costa temperada-quente do Atlântico Sudoeste. Nossos resultados indicam que um evento meteo-oceanográfico extremo, caracterizado por um deslocamento para o norte de águas oceânicas sub-antárticas, conduzidas por um ciclone extratropical, pode explicar essas ocorrências incomuns. Além disso, o modelo de nicho (MAXENT) baseado na distribuição de ocorrência destas espécies e em características ambientais revelou que há disponibilidade de nicho na região. Os preditores que mais influenciaram os modelos foram temperatura, irradiância e nutrientes. Os resultados desta tese confirmam que os drivers macroecológicos podem influenciar a distribuição e adaptação de espécies com diferentes características ecológicas. Além disso, trabalhos biogeográficos e filogenéticos são de extrema importância na detecção de espécies invasoras ou exóticas e que estas mesmas espécies podem se valer de diferentes vetores de dispersão, podendo ser de forma natural ou por vias antropogênicas. |