A gestão do cuidado à crise em saúde mental em uma unidade de pronto atendimento 24h

Abstract

As pessoas com sofrimento psíquico (transtorno mental e com necessidades por uso de substâncias psicoativas) pela Política Nacional de Saúde Mental (Portaria nº 3.588/2017) são acolhidas nos componentes da Rede de Atenção Psicossocial, em pontos da Rede de Atenção à Urgência e Emergência (UPA 24h, SAMU, Sala de Estabilização) e nas Unidades Básicas de Saúde. Esta pesquisa foi realizada na UPA 24h da 18º Região de Saúde do Estado de Santa Catarina. O objetivo, descrever as estratégias e ações de cuidado por trabalhadores desta UPA às pessoas em situação de crise em saúde mental e com problemas decorrentes ao uso de substâncias psicoativas. Método, pesquisa qualitativa e exploratória por se tratar de estudo de caso, e descritiva por utilizar algumas análises de estatística simples. Procedimentos foram aplicação de dois tipos de questionários e entrevistas. O questionário-1 para 03 trabalhadores da recepção com 15 perguntas e o questionário-2 para 09 profissionais da equipe de saúde com 25 perguntas. E um roteiro de entrevista com 10 perguntas para 02 gestoras. Totalizando 14 participantes. Análise dos dados ocorreu em duas etapas: a) estatística descritiva para os dados dos questionários e b) análise da temática de conteúdo - de acordo com Bardin (2010) - das entrevistas semi-estruturadas e das perguntas abertas dos questionários. Os resultados foram organizados em categorias e subcategorias de análise; sendo as categorias: 1) Acolhimento: Atenção e Cuidado em Saúde Mental; 2) Dificuldades no Atendimento à Saúde Mental; 3) Desafios para Ações de Articulação Intra e Intersetoriais e 4) Educação Permanente em Saúde: Oferta e Interesse em Capacitação em Saúde Mental. Os trabalhadores apresentam dificuldades na compreensão dos sintomas, comportamentos e manejo com pessoas que se apresentam em situação de crise em saúde mental na UPA; fragilidades no fluxo e nas ações de articulação em rede intra (com a Atenção Básica) e intersetorial (Serviços da Assistência Social) aos casos de saúde mental; ausência de profissional do Serviço Social; baixa oferta de capacitações em saúde mental pela EPS. Conclusão a UPA é um ponto de atenção às urgências e emergências em saúde mental nos casos de estabilização e naqueles que não há necessidade de internação psiquiátrica; podendo diminuir os encaminhamentos demasiados e que podem ser evitados ao Instituto de Psiquiatria. Compreendemos que a interdisciplinariedade é combustível nas ações e estratégias da Atenção Psicossocial quanto ao cuidado da saúde mental do sujeito no seu território. Sugestões: implementação de encaminhamentos com uso do memorando eletrônico e modelo impresso; contratação do profissional do Serviço Social; elaboração de um Protocolo de Fluxo de Saúde Mental do município para que as articulações entre os pontos de atenção da RAPS e os serviços da Rede Intersetorial ocorram de forma assertiva pois estes serviços são responsáveis em prover as demandas do usuário no seu território; cursos de capacitação em escuta terapêutica, acolhimento e manejo às pessoas em situação de crise em saúde mental para os profissionais (assistentes administrativos e equipe de saúde) da UPA.

Abstract: People with psychological distress (mental disorder and need for psychoactive substances) by the National Mental Health Policy (Ordinance No. 3.588 / 2017) are welcomed in the components of the Psychosocial Care Network, in points of the Emergency Care Network (UPA 24h, SAMU, Stabilization Room) and Basic Health Units. This research was conducted at UPA 24h of the 18th Health Region of Santa Catarina State. The objective is to describe the strategies and care actions by workers of this UPA to people in crisis situations in mental health and with problems arising from the use of psychoactive substances. Method, qualitative and exploratory research because it is a case study, and descriptive for using some simple statistical analysis. Procedures were application of two types of questionnaires and interviews. The questionnaire 1 for 03 reception workers with 15 questions and the questionnaire 2 for 09 health professionals with 25 questions. And an interview script with 10 questions for 02 managers. Totaling 14 participants. Data analysis took place in two stages: a) descriptive statistics for the questionnaire data and b) content theme analysis - according to Bardin (2010) - of the semi-structured interviews and the open questions of the questionnaires. The results were organized into categories and subcategories of analysis; being the categories: 1) Reception: Attention and Care in Mental Health; 2) Difficulties in Mental Health Care; 3) Challenges for Intra and Intersectoral Articulation Actions and 4) Permanent Health Education: Offer and Interest in Mental Health Training. Workers have difficulties in understanding symptoms, behaviors and management with people who are in a mental health crisis situation in the UPA; weaknesses in the flow and actions of articulation in intra (with Primary Care) and intersectoral (Social Care Services) network to cases of mental health; absence of social work professional; low supply of mental health training by EPS. Conclusion UPA is a point of attention to urgencies and emergencies in mental health in cases of stabilization and in those where there is no need for psychiatric hospitalization; reducing referrals that can be avoided and which can be avoided at the Institute of Psychiatry. We understand that interdisciplinarity is fuel in the actions and strategies of Psychosocial Care regarding the mental health care of the subject in its territory. Suggestions: implementation of referrals using the electronic memo and printed model; hiring the Social Work professional; elaboration of a Mental Health Flow Protocol of the municipality so that the articulations between the points of attention of the RAPS and the services of the Intersectoral Network occur assertively because these services are responsible for providing the demands of the user in its territory; training courses in therapeutic listening, care and management of people in crisis situations in mental health for professionals (administrative assistants and health team) of the UPA.