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Durante o período de vigência da bolsa, me dediquei ao Projeto Guarda-chuva “Políticas do Corpo: Psicanálise e arte”, dando sequência à Linha 2 – Leitura de Obras: o corpo na arte contemporânea.
Como ponto de partida, pesquisei produções literárias e imagéticas sobre a temática do corpo nos âmbitos da Psicanálise e das Artes Visuais. Produzi levantamento das obras de arte neste tema e optei, com respaldo da orientadora, por dar enfoque ao trabalho do artista catarinense Susano Correia.
Neste sentido, coletei toda a literatura sobre o artista na plataforma Capes, que mostrou-se bastante breve, a despeito de sua vasta obra, a qual reuni e apreciei detidamente. Em contato com a arte de Susano Correia, produzi uma série de perguntas disparadoras de discussões relacionadas a como o corpo se apresenta em sua arte e quais impactos sua arte produz no corpo e na subjetividade que emerge do corpo. Para isso, foi utilizado o método de olhar flutuante, em consonância com a técnica psicanalítica. Embasado nestas questões, organizei e realizei uma entrevista com o artista sob mesmo termo de consentimento do projeto Guarda-chuva, aprovado pelo CONEP nº …. , a qual transcrevi e atualmente está submetida à avaliação para publicação na Revista Analytica, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
Desde a realização da entrevista, intitulada “O corpo como potência, na arte de Susano Correia”, sigo construindo um artigo, já em estágio final de desenvolvimento, o qual visa aprofundar questões pautadas por Susano Correia durante a entrevista. Para isso, o artigo se subsidiou na concepção de corpo da teoria psicanalítica, na qual as produções do artista seguem encontrando múltiplas ressonâncias.
Dentre as principais discussões, a entrevista e o artigo desdobram-se acerca dos traços de solidão e melancolia apontados pelo artista no que nomeou como condição humana. Desvelou-se, em livre-associação, aspectos centrais da trajetória de vida do artista até chegar ao resultado da série Embruxados, na qual trabalha atualmente. Esta série de desenhos, pinturas e aforismos toca múltiplas questões do nosso tempo, desde a crise de coronavírus até questões identitárias, amorosas, existenciais, dentre muitas outras possibilidades de afetação do corpo pelas relações de desejo e poder retratadas por Susano Correia. Ademais, o jogo entre afetos particulares e universais, revelou-se de grande importância para a leitura do seu trabalho. De mesmo modo, no percurso da entrevista e do artigo, foi necessário conduzir e aprofundar reflexões teóricas sobre a relação entre palavra e imagem. Eixo de expressão vasta e autenticamente explorado pelo artista, o qual desenvolve o conceito de Aforismos Visuais, que consiste na inserção de palavras e frases junto de cada pintura, potencializando novas significações a partir da triangulação entre palavra, imagem e subjetividade.
Para além da pesquisa em si, também desenvolvi as demais atividades previstas no termo de outorga: participei constantemente de reuniões de pesquisa, supervisões individuais e coletivas, realizei atividades como a participação e auxilío na organização de eventos científicos, como o “Seminário Acompanhamento Terapêutico (AT) em debate: reinvenções clínicas”, dentre outros relacionados ao Laboratório de Psicanálise, Processos Criativos e Interações Políticas (LAPCIP). Me engajei na reconstrução da webpage do mesmo laboratório, que é coordenado pela orientadora da pesquisa Ana Lúcia Mandelli de Marsillac. |
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