Caracterização genética e molecular e adaptabilidade de germoplasma de videira com genes de resistência à doenças para o sul do brasil: caracterização de fungos isolados de sintomas de antracnose da videira

Abstract

No Brasil, a videira é cultivada desde o Sul até o Nordeste do país e exerce um grande papel econômico e social. No entanto, perdas significativas na produção estão atreladas a doenças fúngicas, como a antracnose, que durante os anos chuvosos é a principal doença que atinge os vinhedos no sul do Brasil. O agente causal da antracnose é atribuído ao Elsinoe ampelina, porém há relatos de fungos da espécie Colletotrichum spp. relacionados a sintomas da doença. Dessa forma, o objetivo desse projeto foi caracterizar fungos isolados de lesões de antracnose da videira em vinhedos de Santa Catarina, coletados nas safras 2018/2019 e 2019/2020 em três locais do Estado, Curitibanos, Videira e Urussanga. Em cada localidade foram coletadas amostras de plantas com sintomas de antracnose, de um ou mais vinhedos por local (Município). Destas amostras foram identificados isolados de E. ampelina (12), de Colletotrichum spp. (12) e de Alternaria spp. (24), individualmente ou associados no mesmo sintoma. A caraterização morfológica foi feita por meio da textura, cor e diâmetro da colônia, além do comprimento, largura e forma dos conídios. Foi encontrado uma variação de cores entre vermelho a laranja dos isolados de E. ampelina. As colônias Colletotrichum spp. variaram de branco a branco acinzentado e as colônias de Alternaria spp. variaram de cinza até preto, em relação a textura observou-se que os isolados de E. ampelina apresentaram textura rugosa e os isolados de Colletotrichum spp. e Alternaria spp. textura cotonosa, e o crescimento das colônias de E. ampelina se alcançaram o diâmetro entre 21 e 26 mm, de Colletotrichum spp. entre 50 e 53 mm e de Alternaria spp. de 40 a 58 mm. Os conídios dos isolados de E. ampelina apresentaram forma cilíndrica, variando de 4,1 a 5,7 µm de comprimento e 2,6 a 3,4 µm de largura. Os conídios dos isolados de Colletotrichum spp. exibiram forma cilíndrica e extremidades arredondadas, com variação do comprimento entre 10,8 a 13,8 µm e largura de 2,8 a 5,2 µm. Além disso, foram coletadas as médias de precipitação, umidade do ar e temperatura de Curitibanos, Videira e Urussanga, visando determinar a condição climática durante a época de aparecimento da doença. Com base nos dados climáticos referidos das duas safras, foi observado a ocorrência de temperaturas entre 19,4 e 22,6°C, umidade relativa entre 73,7 a 81% e precipitação de 2,4 a 41,8 mm. Conclui-se que as regiões de estudo apresentaram temperatura e umidade favoráveis para o aparecimento de sintomas de antracnose nos vinhedos. Colletotrichum spp., E. ampelina e Alternaria spp. estão simultaneamente associados ao isolamento de sintomas de antracnose da videira, apresentando diferenças na morfologia. Este é o primeiro relato de isolamento de E. ampelina no estado de Santa Catarina.

The vine is cultivated from the South to the Northeast of Brazil, which exerts a great economic and social role. It has been observed that significant losses in production are linked to fungal diseases, such as anthracnose, which during rainy years is the main disease that affects vineyards in south Brazil. The causal agent of anthracnose is credited to Elsinoe ampelina; however, there are reports of fungi of the species Colletotrichum spp. related to the same disease symptoms. Thus, the aim of this study was to characterize fungi isolated from anthracnose lesions in Curitibanos, Videira e Urussanga, three localities located in Santa Catarina state, collected in the 2018/2019 and 2019/2020. In each location, samples of plants with symptoms of anthracnose were collected from one or more vineyards per location (Municipality).From the samples, it was identified isolates of E. ampelina (12), of Colletotrichum spp., (12) and of Alternaria spp. (24) individually or sharing the same symptom area. The morphological characterization was done through the texture, color and diameter of the colony, in addition of the length, width and shape of the conidia. A color variation was found between red and orange among the E. ampelina isolates, the Coletotrichum spp. colonies varied from white to grayish white, and the Alternaria spp. colonies varied from gray to black. Regarding the texture, it was observed that the E. ampelina isolates presented a rough texture and the Colletotrichum spp. and Alternaria spp. cottony texture, and the growth of E. ampelina colonies reached a diameter between 21 and 26 mm, of Colletotrichum spp. between 50 and 53 mm and Alternaria spp. between 40 and 58 mm. The conidia of E. ampelina isolates had a cylindrical shape, ranging from 4.1 to 5.7 µm in length and 2.6 to 3.4 µm in width. The conidia of Colletotrichum spp. exhibited a cylindrical shape and rounded ends, with a variation in length between 10.8 to 13.8 µm and width from 2.8 to 5.2 µm. In addition, averages of precipitation, air humidity and temperature of Curitibanos, Videira and Urussanga were collected, in order to determine the climatic condition during the time of onset of the disease. Based on the climatic data from the two harvests, temperatures between 19.4 and 22.6°C, relative humidity between 73.7 to 81% and precipitation from 2.4 to 41.8 mm were observed. In conclusion, the studied regions presented favorable temperature and humidity for the appearance of anthracnose symptoms in the vineyards. Colletotrichum spp. and E. ampelina are simultaneously associated with the isolation of anthracnose symptoms of the grapevine, showing differences in morphology, mainly conidia size. This is the first report of isolation of E. ampelina in the state of Santa Catarina.