Abstract:
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O estresse oxidativo está envolvido na fisiopatologia de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o mal de Parkinson. É caracterizado pelo acúmulo de moléculas oxidantes no interior das células, dentre as quais estão as espécies reativas de oxigênio (ERO), que causam danos em constituintes celulares fundamentais, contribuindo eventualmente para a morte celular. Evolutivamente, as células adquiriram adaptações para contrabalancear os efeitos das EROs, uma vez que estas precisam ser mantidas em concentrações relativamente baixas para que a homeostase das células seja assegurada. Dentre estas adaptações, está a produção de proteínas antioxidantes, como a peroxirredoxina (Prx), que catalisa a redução de hidroperóxidos. Para estudar mecanismos envolvidos no estresse oxidativo, possíveis compostos protetores, como o succinobucol e a ação de proteínas antioxidantes, o verme nematódeo C. elegans representa um valioso modelo in vivo, pois além de poder ser submetido ao estresse oxidativo por exposição a compostos como o peróxido de terc-butila (t-BOOH), este animal também expressa diferentes isoformas da proteína Prx, tais como a Prx-2, sendo possível estudar sua função em cepas mutantes (nocaute) para esta proteína. Este trabalho focou em estudar os efeitos do estresse oxidativo em vermes da linhagem selvagem (N2) e nocautes para Prx-2 (VE1) na sobrevivência, reprodução, mobilidade e alimentação destes animais, e também a possível toxicidade do composto succinobucol, um derivado do probucol com propriedades antioxidantes para o C. elegans. Os vermes foram mantidos em condições padrão a 20 °C em placas NGM até atingirem o estágio larval L4, onde então foram tratados com o composto succinobucol e t-BOOH. Nossos resultados evidenciaram que o succinobucol não foi capaz de reduzir a sobrevivência dos vermes da cepa N2, sugerindo que este não possui efeito tóxico para estes animais nas concentrações utilizadas. O tratamento com o t-BOOH nas concentrações de 3 mM, 4 mM e 10 mM reduziu de maneira significativa a sobrevivência dos animais mutantes quando comparadas com o controle. No ensaio de oxidação do xilenol laranja (FOX), observou-se que tanto a cepa VE1 quanto a cepa N2 foram capazes de consumir o peróxido contido no meio, sem diferenças significativas. Os ensaios de mobilidade evidenciaram que os vermes mutantes para Prx-2 apresentaram movimentação acentuadamente reduzida no dia 9 após o tratamento, porém o grupo mutante não tratado também apresentou tal redução, indicando que o menor grau de movimentação pode não estar associado ao tratamento com o t-BOOH, mas sim ao envelhecimento do animal. |