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Nosso e-book divide-se em seções, Reverberações I e Reverberações II, dedicadas à literatura de viagem, aos contatos e contágios ítalo-brasileiros no âmbito da poesia, à recepção da literatura italiana no Brasil. O tema das experiências de viagens e seus relatos foi um dos que mais atraíram os participantes do simpósio: os diários de duas viagens italianas de João Guimarães Rosa – em que, segundo GianLuigi de Rosa, o grande autor brasileiro oferece, paradoxalmente, resposta especular às descrições das maravilhas do Novo Mundo realizadas pelos viajantes europeus; as crônicas italianas de Rubem Braga, correspondente de guerra nos anos 1943-1944, nas quais, como mostra Giorgio De Marchis, o escritor brasileiro observa a sobreposição dos tempos heterôgeneos das ruínas antigas e modernas (das antigas civilizações e da guerra presente); ou ainda, a única viagem brasileira de Pier Paolo Pasolini, uma visita, em 1970, ao Rio de Janeiro, que lhe inspirou a composição do poema “Hierarquia”, analisado, em sua rica tensão afetiva para com o Brasil, por Cláudia Tavares Alves; ou ainda sobre a megalópole de São Paulo, vivenciada e sentida pelo poeta Enrico Testa, que ao ressemantizar sua experiência traz questões do contemporâneo e éticas analisadas por Patricia Peterle. Sobre textos poéticos, debruça-se também Natalia Guerra Brisola Gomes Godoi, com uma leitura de três poemas brasileiros, de Manuel Bandeira, Manoel de Barros e Carlos Drummond de Andrade, à luz de reflexões sobre a capacidade de engajamento crítico da poesia, mesmo quando ela é permeada pela “leveza” calviniana, ou não trata especificamente de política. De poesia trata também o artigo de Lucia Wataghin, sobre as traduções italianas de poesia indígena (tupi, carajá, bororo), que Ungaretti insere em suas antologias de traduções de poesia brasileira, assim como o texto de Raphael Salomão Khéde, aorefletir sobre a análise continiana da obra de Petrarca no âmbito da literatura italiana.
Reverberações II é dedicada especificamente a estudos sobre a recepção da literatura italiana no Brasil, com um trabalho de Aline Fogaça dos Santos Reis e Silva sobre a repercussão, nos principais periódicos brasileiros, do livro Gog de Giovanni Papini e outro, de Égide Guareschi, sobre a presença de Aldo Palazzeschi no Brasil, em traduções ou nas reflexões e comentários de intelectuais brasileiros, especialmente nos anos do modernismo. Mais um estudo sobre recepção (e tradução) é o de Helena Bressan Carminati, em colaboração com Patricia Peterle, sobre É isto o homem, de Primo Levi, e suas traduções brasileiras. A recepção do Canto I do Inferno por tradutores que aceitaram o grande desafio é trazido por Gaetano D’Itria ao propor uma reflexão sobre os rastros das marcas temporais e culturais deixados pelos tradutores e suas relações com a leitura. De contatos e contágios, embora entre autores que não se conheceram, trata o trabalho de Sandra Dugo, que estuda relações e coincidências entre dois contos, respectivamente de Luigi Pirandello e Machado de Assis, ambos dedicados ao tema da loucura. Conclui a coletânea o ensaio da dramaturga, tradutora e diretora de teatro Alessandra Vannucci, que nos introduz no mundo das tradução e encenação de textos teatrais, de Angelo Beolco, Giordano Bruno e Dario Fo, originados de performances atoriais populares em dialeto. |
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