Mulheres na administração universitária federal brasileira: evidências sobre o fenômeno teto de vidro e proposições para o seu rompimento

Abstract

O fenômeno teto de vidro, também chamado de segregação hierárquica de gênero, é uma das metáforas utilizadas para designar as barreiras encontradas pelas mulheres no acesso a altos cargos gerenciais e de alto poder hierárquico nas organizações, sendo uma de suas consequências a baixa representação de mulheres nestes cargos. O objetivo geral deste estudo foi realizar uma análise de políticas públicas acerca da representação de mulheres nos cargos de maior hierarquia na administração universitária federal brasileira, verificando a existência do teto de vidro nestas instituições, e propondo alternativas de solução para o seu rompimento. A análise de políticas públicas sobre o tema foi feita de acordo com o método proposto por Secchi (2016). Como resultado desta análise, verificou-se que atualmente as mulheres são 30,6% das reitoras das 63 universidades federais brasileiras, 38,1% das vice-reitoras, e 37,8% das pró-reitoras. Em 4 instituições não há nenhuma mulher no cargo de pró-reitora, e em 25 universidades, a representação delas neste cargo fica em torno de 14 a 29%. Ao analisar 659 mandatos de reitoria, de 1920 até hoje, deste universo, apenas 73 foram exercidos por mulheres, sendo que houve somente 54 reitoras na história destas instituições no Brasil no período estudado. A partir do diagnóstico do teto de vidro nas universidades, pode-se então elaborar possíveis soluções para este problema. Sete alternativas foram descritas com a intenção de romper o teto de vidro: a manutenção do status quo; a adesão ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça do Governo Federal brasileiro; a criação de uma Campanha de Incentivo e Conscientização sobre o tema; a implementação de um Programa de Ações Afirmativas; o planejamento e organização de Ações de Desenvolvimento e Capacitação; a exposição de uma Galeria de Fotos de Mulheres precursoras da administração universitária; e a iniciativa denominada de ?Encoste na Desigualdade?. A elaboração destas alternativas vai ao encontro da percepção de que, para romper o teto de vidro e avançar a igualdade de gênero no mundo laboral, medidas institucionais são cada vez mais necessárias. E as universidades podem ter um papel fundamental nesta causa, seja por meio do ensino, pesquisa ou extensão, seja através de iniciativas organizacionais em sua administração.

Abstract: The glass ceiling phenomenon, also called hierarchical segregation of gender, is a metaphor used to designate barriers faced by women running to high management or powered positions, that brings consequences such as low women representation. The general objective of this study was to carry out an policy analysis about women representation in higher positions in the Brazilian?s Federal Universities administrations, trying to identify the existence of glass ceiling in these institutions, as well as to propose alternative solutions to break it. The policy analysis methodology was done according to Secchi (2016). This work finds out that women represent 30.6% of the rectors over the 63 Brazilian federal universities, 38.1% of the vice rectors, and 37.8% of the deans and related positions. In 4 institutions there is no woman in the position of pro-rector, and in 25 universities, their representation in this position is around 14 to 29%. When analyzing 659 rector?s mandates, from 1920 until today, 73 were fulfilled by women, and there were only 54 women rectors during the referred period. With the present diagnosis from the glass ceiling phenomenon in the Brazilian?s Federal Universities, it was possible to elaborate alternatives solutions to this problem. Seven of them were described with the intention of breaking the glass ceiling: the maintenance of the status quo; the adhesion to the Pro-Equity Program of Gender and Race of the Brazilian Federal Government; the creation of an Incentive and Awareness Campaign; the implementation of an Affirmative Action Program; the planning and organization of Development and Training Actions; the exhibition of a Photo Gallery of pioneer Women in the university administration; and the initiative called ?Touch in Inequality?. The elaboration of these alternatives is aligned with the perception that institutional actions are necessary to break the glass ceiling. In this context, Universities have a fundamental role, whether through teaching, research or extension activities, or through initiatives in their administration.