Title: | Violência institucional percebida pelo acompanhante em maternidades públicas da região metropolitana de Florianópolis |
Author: | Marrero, Lihsieh |
Abstract: |
OBJETIVO: Investigar a violência institucional durante na internação para o parto sob a perspectiva do acompanhante em maternidades públicas da Região Metropolitana de Florianópolis (RMF). MÉTODO: a pesquisa foi realizada em duas etapas. A primeira foi uma revisão integrativa de literatura sobre a violência institucional durante o atendimento ao parto. A segunda foi a condução de um estudo transversal, em três maternidades públicas da RMF, com 1.147 acompanhantes. Os dados foram obtidos por entrevista estruturada, entre março de 2015 e maio de 2016. Na análise dos dados empregou-se a regressão de Poisson para identificar os fatores associados a violência institucional contra a mulher durante a internação para o parto. O Cálculo de prevalência e o teste qui-quadrado de Pearson foram utilizados para descrever a violação de direitos do acompanhante e identificar associações. RESULTADOS: A literatura mostrou que a violência institucional durante a internação para o parto do tipo psicológica, física e estrutural são as mais comuns, com frequência relatada pela mulher, mas também percebida por profissionais de saúde. Os acompanhantes entendem a precariedade da infraestrutura e o autoritarismo profissional como violência institucional. Nas maternidades públicas da RMF, os acompanhantes companheiro da mulher/pai do bebê (74,7%) relataram mais a violência institucional contra a parturiente (73,5%) do que aqueles que mantinham outros vínculos com ela, sendo a violência dos tipos estrutural (59,2%) e física (31,4%) os mais prevalente. O parto normal a termo e ocorrido de terça a sextas-feiras estiveram associados ao desfecho, sendo mais relatado por acompanhantes com maior escolaridade. Os participantes do sexo feminino (92,8%), que participaram do pré-natal (93,1%), mas desconheciam a Lei do Acompanhante (92,7%), sofreram mais violação de direitos como acompanhante, associado ao nascimento por cirurgia cesárea. Não receber orientações por escrito (93,6%), não saber a identificação do profissional que prestou assistência (65,0%) e não ser incentivado a participar do cuidado (55,9%) foram os direitos com mais violados. O aspecto assistencial com maior desrespeito aos direitos do acompanhante foi o acolhimento. A falta de orientação sobre o seu papel e de estímulo para participar do cuidado, foram as principais causas de insatisfação do acompanhante com a experiência. CONCLUSÃO: As prevalências de relatos do acompanhante sobre a violência contra a mulher durante a internação para o parto indicam que a sua presença não foi suficiente para impedi-la. A elevada prevalência de violência do tipo estrutural revela a lacuna existente entre as políticas de saúde e a realidade vivenciada durante a internação para o parto. A falta de orientação por escrito, a dificuldade de identificar o profissional que assiste a mulher, a falta de estímulo e de acolhimento do acompanhante pela equipe de saúde violam seus direitos e favorecem a violência institucional contra a parturiente. As inadequações da estrutura física, a pouca habilidade profissional nas relações interpessoais e a manutenção de fluxos assistenciais em desacordo com a legislação foram fatores contribuintes para a violência institucional contra a mulher e a violação dos direitos do acompanhante. Recomenda-se a realização de investigações para dar voz ao acompanhante em outros contextos assistenciais. Abstract : OBJECTIVE: To investigate institutional obstetric violence from the perspective of the birth companion in public maternities in the metropolitan area of Florianópolis (MAF). METHOD: the research was carried out in two stages. The first an integrative review of literature on institutional obstetric violence guided the cross-sectional study conducted in three public maternities in the MAF with 1.147 birth companions. Data were obtained through structured interviews conducted between March 2015 and May 2016. Data analysis was performed using Poisson regression to identify the factors associated with institutional obstetric violence. To describe the violation of the rights of the companions, the calculation of prevalence and the Pearson?s Chi-square were used to test the associations between the variables. RESULTS: In the systematic review, it was observed that psychological, physical and structural institutional obstetric abuses were the most common in Brazilian maternity hospitals. These were often reported by women; however, the professionals also perceive and admit their perpetration. The birth companions perceived the poor infrastructure and the overbearing nature of the professionals as institutional violence against women. On the field study, the birth companions who were the woman?s partner/the baby?s father (74.7%) reported institutional violence against the parturient (73.5%), with a prevalence of physical structure (59.2%) and physical violence (31.4%). Normal full-term deliveries that occurred between Tuesday and Friday were associated with the outcome. The birth companions with higher level of education were those who most perceived institutional violence against women. The female birth companions (92.8%), who participated on prenatal care (93.1%) and were unaware of the Companion Law (92.7%) reported more violations of their rights, which were associated with C-section births. Not receiving written orientations (93.6%), not knowing the identity of the professional who provided care (65.0%) and not being encouraged to participate in care (55.9%) were the rights of the companion with a higher prevalence of violation. The aspect related to care in which the companions reported a greater violation of their rights was reception. Lack of guidance regarding their role and lack of encouragement to participate in care were the main causes of their dissatisfaction with the experience. CONCLUSION: The high prevalence of birth companions reporting violence against women during childbirth indicates that their presence was not enough to prevent its occurrence. The high prevalence of structural violence reveals the gap between women?s health policies and the reality they experience during hospitalization. Failure to provide written guidelines, the lack of identification of the professional assisting the woman, the lack of encouragement and reception of the companion by the health team violate their rights and favor institutional violence against the parturient. The poor physical structure, the lack of professional skills in interpersonal relations and care attitudesthat did not comply with the legislation were contributing factors for institutional violence against women and violation of the rights of the companion. Other investigations should be carried out to hear the companion in other care contexts. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2019 |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/214517 |
Date: | 2019 |
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PNFR1105-T.pdf | 4.717Mb |
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