Efeito antinociceptivo do extrato das folhas de Cissus verticillata na nocicepção relacionada à diabetes

Abstract

Introdução: O diabetes melittus é uma doença crônica, que causa muitas complicações, entre elas a dor neuropática que acomete cerca de 40 a 50% dos pacientes comprometendo a sua qualidade de vida. Estudos vêm correlacionando o aparecimento da dor neuropática e outras complicações do diabetes com um aumento na formação de produtos de glicação avançada (AGES) e seus precursores, sendo o metilglioxal (MG) o principal deles. As diretrizes de dor neuropática diabética sugerem que o controle adequado da glicemia possa evitar ou retardar o aparecimento da doença. A Cissus verticillata é uma planta conhecida no Brasil como Insulina Vegetal, muito utilizada pela população para controle da glicemia. Objetivo: Avaliar o perfil fitoquímico e o efeito antinociceptivo do extrato aquoso da folha de Cissus verticillata em modelos experimentais de dor (nocicepção) associado à diabetes em camundongos. Material e Método: Foi verificado o teor de umidade de amostra de folhas frescas e secas de Cissus verticillata, posteriormente foram realizados dois extratos aquosos, um com as folhas frescas e outro com as folhas secas. Após o preparo dos extratos, estes passaram pelo processo de liofilização, onde se obteve o extrato seco. Foi traçado o perfil fitoquímico por meio de Cromatografia líquida de ultra eficiência em massas sequencial (UPLC/MS/MS). A avaliação do efeito antinociceptivo foi realizado no modelo experimental de dor (nocicepção) química induzida pela injeção intraplantar de metilglioxal, capsaicina e cinamaldeído em camundongos. Para tal, foram utilizados camundongos Suiços tratados com o extrato aquoso das folhas secas de Cissus verticillata (EACv) por via intragástrica, nas doses de 30, 100, 300 e 1000 mg/kg uma hora antes da realização dos experimentos Resultados: De acordo com a análise fitoquímica, as folhas de Cisssu verticillata apresentam compostos que corroboram com achados na literatura. O EACv demonstrou significativa diminuição da nocicepção causada pelo metilglioxal. Além disto, o EACv (30 e 300 mg/kg) reduziu a nocicepção causada pela capsaicina e cinamaldeído, sendo mais eficaz na nocicepção induzida pela capsaicina. Conclusão: Os resultados do presente estudo, indicam que o extrato aquoso de Cissus verticillata apresenta importante efeito antinociceptivo (analgésico) no modelo de nocicepção causado pelo metilglioxal que está associado a dor relacionada a diabetes. Além disto, a Cissus verticillata foi efetiva no modelo de nocicepção causada pela capsaicina e cinamaldeído, sugerindo um mecanismo de ação relacionado aos receptores TRPV1 e TRPA1. Esses resultados corroboram os achados descritos na literatura e abrem, portanto, novas perspectivas para o uso da Cissus verticillata no tratamento da dor, em especial da dor associada a diabetes.

Abstract: Introduction: Diabetes mellitus is a chronic disease that causes many complications, including neuropathic pain that affects about 40% to 50% of patients impacting their quality of life. Studies have correlated the onset of neuropathic pain and other complications of diabetes with an increase in the formation of advanced glycation end products (AGES) and their precursors, with methylglyoxal (MG) being the main one. The guidelines for diabetic neuropathic pain suggest that adequate glycemic control may prevent or delay the onset of the disease. The Cissus verticillata is a plant known in Brazil as the vegetable insulin and it is widely used by the population to control the glycemic levels. Objective: To evaluate the phytochemical profile and antinociceptive effect of the aqueous extract of the Cissus verticillata leaf in experimental models of pain (nociception) associated with diabetes in mice. Material and Method: The moisture content of fresh and dried leaves of Cissus verticillata was verified, then two aqueous extracts were performed, one with the fresh leaves and the other with the dry leaves. After the preparation of the extracts, they underwent the lyophilization process, in which the dried extract was obtained. The phytochemical profile was traced by Ultra performance liquid chromatography in sequential masses (UPLC / MS / MS). The evaluation of the antinociceptive effect was performed in the experimental model of chemical pain (nociception) induced by the intraplantar injection of methylglioxal, capsaicin and cinnamaldehyde in mice. For this, Swiss mice were used and treated with the aqueous extracts of dry leaves of Cissus verticillata (EACv) by intragastric administration at the doses of 30, 100, 300 and 1000 mg/kg one hour before performing the experiments. Results: According to the phytochemical analysis, the leaves of Cissus verticillata show compounds that corroborate with findings from the literature. EACv demonstrated a significant decrease in nociception caused by methylglyoxal. In addition, EACv (30 and 300 mg/kg) reduced nociception caused by capsaicin and cinnamaldehyde, being more effective in nociception induced by capsaicin. Conclusion: The results of the present study indicate that the aqueous extract of Cissus verticillata has an important antinociceptive effect (analgesic) in the model of nociception caused by methylglioxal that is associated with pain related to diabetes. In addition, Cissus verticillata was effective in the nociception model caused by capsaicin and cinnamaldehyde, suggesting a mechanism of action related to TRPV1 and TRPA1 receptors. These results corroborate the findings described in the literature and therefore open new perspectives for the use of Cissus verticillata in the treatment of pain, especially pain associated with diabetes.