Morte digna: percepção de médicos de um hospital universitário no sul do Brasil

Abstract

A transição demográfica que vem acontecendo no mundo e o consequente aumento da expectativa de vida e prevalência de doenças crônicas incuráveis, discute-se sobre como melhorar a qualidade de vida e prover uma morte digna aos pacientes. Para compreender o conceito de morte digna, a Escala de Percepção de Morte Digna (EPMD) foi elaborada no Japão por Miyashita e colab e reduzida e validada no contexto brasileiro por Wanssa. Com o objetivo de identificar a percepção de morte digna de médicos de um hospital de ensino, propôs-se um estudo transversal, com amostra de conveniência (100 médicos), utilizando a versão reduzida da Escala de Percepção de Morte Digna. Todos os seis fatores, do instrumento, foram considerados como de alta necessidade, enfatizando- se Boa relação com a família (98,9%), Manutenção da esperança e prazer (97,8%) e Não ser um fardo para os demais (92,3%). Demontrou-se que mulheres priorizaram Boas relações com a família e Equipe; médicos com mais de 45 anos, Não ser uma fardo para os demais; e os sem religiosidade, Não ser um fardo para os demais e Ter controle sobre o futuro. A percepção de morte digna dos médicos valorizou aspectos sociais como afetividade e convivência, negando o caráter estritamente biomédico na percepção de morte e demonstrando uma visão mais humanista, o que difere de estudos norte-americanos e aproxima-se das pesquisas orientais, as quais têm a família no centro da cultura, além de demonstrar que idade, sexo e religiosidade a influenciam.

Abstract : In the contemporary world, with the demographic transition that had lead to an increase in life expectancy and the prevalende in chronic illnesses, a topic of discussion is how to provide a good death to patients. To understand the concept of good death, the Good Death Inventory (GDI) was elaborate in Japan by Myashita et al and then validated in Brazil by Wanssa. In order to identify the perception of good death by physicians who work at a teaching hospital, a cross sectional study with a convenience sample (100 physicians) is proposed, using the reduced version of the Perceived Dignified Death Scale (Brazilian reduced version of Good Death Inventory). All factors of the instrument were considered as highly needed, emphasizing Good relation with the family (98,9%), Maintenance of hope and pleasure (97,8%) and Not being a burden to others (92,3%). Women prioritized Good relationships with family and Team; doctors over 45 years old, Not being a burden to others; and those without religion, Not being a burden to others and Having control over the future. The perception of good death presented by physicians valued social aspects such as affectivity and acquaintanceship, denying the biomedical view of death and showing a more humanistic view that is different from the north American studies, in addition to showing that age, sex and religiosity influence this perception.