Habilidades, técnicas e movimento: uma abordagem ecológica dos ciclo-entregadores de Florianópolis - SC

Abstract

A intenção desta pesquisa é realizar uma etnografia com os ciclistas que trabalham como ciclo-entregadores (também conhecidos como messengers ou couriers) na cidade de Florianópolis, procurando analisar e compreender como ocorre o engajamento dessas pessoas com o ambiente e quais são as habilidades perceptuais e motoras envolvidas nessa prática. Para isso me apoio na ideia de uma abordagem ecológica baseada em autores como James Gibson e Tim Ingold, para delinear os ?campos operatórios? (SAUTCHUK, 2007) envolvidos nesta ação e os diferentes processos de individuação (SIMONDON, 1958). Por meio de uma discussão a respeito das técnicas e habilidades envolvidas nesta prática é possível despertar a atenção para um outro olhar, uma outra maneira de se fazer antropologia, que pensa as práticas e o movimento também como uma forma de conhecimento, ao compreender o desenvolvimento das habilidades perceptuais-motoras e dos processos técnicos e a maneira como estes determinam (e são determinados) pelo modo como compreendemos e nos relacionamos com o ambiente. Esta etnografia procura compreender a interferência da cultura na percepção. Mas o conceito de cultura aqui é outro. A proposta é pensar a cultura também como habilidade e técnica. Não mais redutível a um sistema simbólico (re)produtor de representações do mundo, e sim como uma forma de relação direta com o mesmo, que requer engajamento e ?educação da atenção? (INGOLD, 2015). Aqui também está colocada a discussão a respeito do papel da percepção como um processo de conhecimento que ocorre por meio da ação, e não mais como um meio de codificar um conhecimento a ser externalizado na ação. Conhecimento este que é elaborado o tempo todo através das práticas.<br>

Abstract : The intention of this research is to develop an ethnography with the cyclists who work as deliverers (also known as ?messengers? or ?couriers?) in the city of Florianópolis, trying to analyze and understand how the engagement of these people with the environment occurs and what?s the perceptual and motor skills involved in this practice. For this, I advance the idea of an ecological approach based on authors such as James Gibson and Tim Ingold, to delineate the \"operative fields\" (SAUTCHUK, 2007) involved in this action and the different processes of ?individuation? (SIMONDON, 1958). Through a discussion of the techniques and skills involved in this practice it is possible to draw attention to another view, another way of making anthropology, which thinks practices and movement also as a form of knowledge, by understanding the development of perceptual-motor skills and technical processes and how they determine (and are determined) by how we understand and relate to the environment. This ethnography tries to understand the interference of culture in perception, but the concept of culture here is another. The idea is to think of culture as skill and technique as well. It is no longer reducible to a symbolic (re)producer of representations of the world, but rather as a form of direct relation to it, which requires engagement and \"education of attention\" (INGOLD, 2015). I also develop the discussion about the role of perception as a process of knowledge that occurs through action, and not as a way of codifying a knowledge to be externalized in action. Knowledge that is elaborated all the time through practices.