O corpo dos bebês na constituição da especificidade da docência na educação infantil

Abstract

A presente pesquisa, em nível de mestrado, teve como objetivo analisar como o corpo dos bebês incide nas relações vividas no contexto da creche e como contorna a docência na Educação Infantil. Realizou-se um estudo etnográfico, utilizando os procedimentos de observação participante, descrição densa das relações desse contexto, por meio de diário de campo e da fotografia. Os informantes da pesquisa foram um grupo de 17 bebês, sete meninos e dez meninas, com idades entre 6 e 14 meses e suas professoras, em uma instituição de Educação Infantil da rede pública municipal de Florianópolis. O referencial teórico a orientar tanto os caminhos metodológicos quanto as análises dos dados tiveram como base a interlocução disciplinar entre os campos da Antropologia da Criança, da Sociologia da Infância, da Pedagogia da Infância e da Psicologia Histórico-Cultural. As análises revelaram que o corpo dos bebês possui especificidades demarcadas por demandas/manifestações físicas, emocionais, sociais e culturais e a constituição das relações no cotidiano da creche é entrelaçada com essas especificidades. Os bebês possuem demandas corporais que mobilizam a professora, demandando uma acolhida e resposta para o atendimento a essas necessidades. Esses encontros, marcados pelo reconhecimento das singularidades dos bebês, são orientadores de suas ações, dando contornos constitutivos de uma docência que é relacional ao mesmo tempo em que incidem na constituição subjetiva dos bebês. A análise evidenciou também que os bebês vivem o mundo corporalmente; conhecem, experimentam, agem, apreendem o mundo com o corpo inteiro, sendo o movimento um aspecto importante no processo de desenvolvimento de cada indivíduo. A partir de seus movimentos as crianças interagem, comunicam e expressam e estabelecem relações com os outros e com o espaço físico e sociocultural.

Abstract: This research, at the master's level, aimed to analyze how the body of babies influences on the relationships experienced in the context of day care and how it circumvents teaching in Early Childhood Education. An ethnographic study was performed using participant observation procedures, thick description of the relationships of this context, through field diaries and photography. The research informants were a group of 17 babies, 07 boys and 10 girls, aged between 06 and 14 months, and their teachers based in a public childhood education institution from the municipal system of Florianópolis, Brazil. The theoretical framework to guide both methodology and data analysis was based on the disciplinary interplay between the fields of Anthropology of Children, Sociology of Childhood, Pedagogy of Childhood and Historical-Cultural Psychology. The analyses revealed that the babies' bodies have specificities demarcated by physical, emotional, social and cultural demands, and the constitution of the relationships in the day-to-day routine of the day care is linked to these specificities. The babies have body demands that mobilize the teacher demanding a welcome and response to meet these needs. These experiences of encounter are marked by the recognition of the singularities of babies and guide their actions, giving constitutive contours of a teaching that is relational while affecting on the subjective constitution of babies. The analysis also showed that babies live the world bodily, they understand, experiment, act, apprehend the world with the whole body, the movement being an important aspect in the development process of each individual. Through their movements, children interact, communicate and express and establish relationships with others and with the physical and sociocultural space.