Detecção e genotipagem do HPV em amostras endocervicais de mulheres HIV soropositivas de Palhoça/SC

Abstract

O HPV é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero, mas por si só não é suficiente para causar progressão neoplásica grave. A co-infecção com o HIV facilita a persistência da infecção pelo HPV e também novas infecções. Nosso objetivo foi detectar e avaliar a frequência de genótipos de HPV de alto e baixo risco em mulheres com HIV. De abril a julho de 2016, foram coletadas 114 amostras de mulheres atendidas no Centro Especializado de Aconselhamento e Prevenção de Palhoça-SC. Os dados sócio-demográficos foram obtidos por meio de um questionário no dia da coleta das amostras. Os métodos de reação em cadeia da polimerase (PCR) e polimorfismo do tamanho dos fragmentos de restrição (RFLP) foram utilizados para detectar e genotipar o HPV, respectivamente. O DNA do HPV foi detectado em 37 amostras (32,5%) com predomínio de genótipos de alto risco (43,2%). Co-infecções de diferentes genótipos ocorreram em 18,9% das pacientes e todas apresentaram pelo menos um genótipo do HPV de alto risco. Vinte e dois diferentes genótipos foram encontrados, um deles com risco indeterminado. Maior frequência de HPV de alto risco foram HPV16 (11,8%) e HPV53 (11,8%) seguidos pelos HPV 45 (8,8%) e HPV6 (5,9%), HPV61 (5,9%), HPV62 (5,9%) e HPV83 (5,9%). Usando análise multivariada, as mulheres que iniciaram a vida sexual com menos de 18 anos (OD, 3,97, 95% CI, 1,0994-14,384, p = 0,035) tiveram maior risco de possuir HPV. Neste ponto de vista, as mulheres soropositivas para o HIV apresentaram maior frequência de genótipos de alto risco, o que pode facilitar o prognóstico do câncer do colo do útero. Portanto, deve-se considerar este tipo de população em termos de controle de vacinação e acompanhamento para triagem, a fim de reduzir os riscos para o desenvolvimento de câncer nessas mulheres.

Abstract: HPV is the major risk factor for development of uterine cervical cancer, but alone it is not sufficient to cause neoplastic progression. Co-infection with HIV facilitates persistence of HPV infection and also new infections. Our objective was to detect and to evaluate the frequency of high and low risk HPV genotypes in women with HIV. From April to July 2016, 114 samples from women attended at the Specialized Counseling and Prevention Center from Palhoça-SC, Brazil, were collected. Socio-demographic data were obtained through a questionnaire on the day of samples collection. Polymerase Chain Reaction (PCR) and Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP) were used to evaluate HPV genotypes. HPV DNA was detected in 37 samples (32.5%) with a predominance of high risk genotype (43,2%). 18.9% of women had co-infection with different genotypes and all co-infections had presence of at least one high-risk HPV. Twenty-two different genotypes were found, one of them with undetermined risk. More frequency of hrHPV was HPV16 (11.8%) and HPV53 (11.8%) followed by HPV 45 (5,9%) and HPV6 (5.9%), HPV61 (5.9%), HPV62 (5.9%) and HPV83 (5.9%). Using multivariate analysis, women who started sexual life under 18 years old (OD, 3.97, 95% CI, 1.0994 to 14.384, p = 0.035) had higher risk of harbour HPV. In this point of view, HIV-positive women presented higher frequency of high-risk genotypes, which may facilitate a prognosis for uterine cervical cancer. Therefore, we should consider this type of population in terms of vaccination control and follow-up for screening in order to reduce risks for the development of cancer in these women.