Correlação entre neuropatia autonômica cardiovascular e cardiomiopatia diabética no diabetes tipo 1

Abstract

O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica com pico de incidência na adolescência, que acarreta um grande impacto na morbimortalidade dos indivíduos afetados, principalmente do ponto de vista cardiovascular. A cardiomiopatia diabética caracteriza-se por lesões estruturais e funcionais na ausência de doença coronariana, hipertensão arterial sistêmica ou doença valvar significativa; e está implicada na progressão para a insuficiência cardíaca no diabetes. O uso de novas técnicas de imagem para diagnóstico de cardiomiopatia diabética tem propiciado a identificação de lesões mais precoces, ainda reversíveis. A neuropatia autonômica cardiovascular está elencada como uma possível causa da cardiomiopatia diabética. O objetivo do trabalho é avaliar através de ecocardiografia convencional e avançada com uso do strain miocárdico com speckle tracking as alterações estruturais e funcionais em indivíduos assintomáticos, normotensos, com DM1 em comparação ao grupo controle; e correlacioná-la com parâmetros de função autonômica. Trata-se de um estudo de pessoas com DM1 de 20 a 55 anos, assintomáticos, normotensos, e 40 indivíduos saudáveis. A idade média foi de 33 anos em ambos os grupos, com duração média do DM1 de 18 anos. A avaliação ecocardiográfica revelou diferenças nos parâmetros de função diastólica do ventrículo esquerdo (velocidade E' lateral, velocidade E' média e relação entre as ondas S/D) e do ventrículo direito (velocidade E' tricúspide e relação E'/A' tricúspide). O valor médio do strain global longitudinal foi de -21,7% (DP +- 2,3) no grupo com DM1 e de -21,0% (DP +-2,0) no grupo controle (p = 0,21). Não se observou correlação entre os parâmetros de função autonômica e parâmetros ecocardiográficos. A avaliação ecocardiográfica permite identificar diferenças na função diastólica de ambos os ventrículos no DM1, que constitui lesão cardíaca incipiente da cardiomiopatia diabética.<br>

Abstract:Type 1 diabetes mellitus (T1DM) is a chronic disease with a peak incidence in adolescence, which has a major impact on the morbidity and mortality of affected individuals, especially from the cardiovascular point of view. Diabetic cardiomyopathy is characterized by structural and functional lesions in the absence of coronary artery disease, systemic arterial hypertension, or significant valve disease; and is implicated in the progression to heart failure in diabetes. The use of new imaging techniques for the diagnosis of diabetic cardiomyopathy has led to the identification of earlier, yet reversible lesions. Cardiovascular autonomic neuropathy is one possible cause of diabetic cardiomyopathy. The objective of this study is to evaluate, by conventional and advanced echocardiography using speckle tracking myocardial strain, the structural and functional changes in asymptomatic, normotensive individuals with type 1 diabetes compared to a control group; and correlate it with autonomic function parameters. This is a study with 40 asymptomatic and normotensive people with T1DM, aged 20 to 55 years and 40 healthy subjects. The average age was 33 years in both groups, with an average DM1 duration of 18 years. Echocardiographic evaluation revealed differences in left ventricular diastolic function parameters (lateral E 'velocity, mean E' velocity and relationship between S / D waves) and right ventricle (tricuspid E velocity and tricuspid E '/ A ratio). The mean value of the global longitudinal strain was -21.7% (SD + - 2.3) in the DM1 group and -21.0% (SD + -2.0) in the control group (p = 0.21). No correlation was observed between autonomic function parameters and echocardiographic parameters. Echocardiographic evaluation allows the identification of differences in diastolic function of both ventricles in T1DM, which is an incipient cardiac lesion of diabetic cardiomyopathy.