Estressores locais e suas ameaças à biologia de algas calcárias

Abstract

Algas calcárias vermelhas são organismos fotossintetizantes que apresentam depósitos de carbonato de cálcio (CaCO3) em suas paredes, apresentando assim uma estrutura rígida que forma depósitos rochosos no substrato marinho. Essas algas também são responsáveis pela formação de rodolitos e consequentemente de bancos de rodolitos que cobrem o leito marinho criando microhabitats que abrigam inúmeras espécies. Entretanto, as espécies de rodolitos se veem ameaçadas devido ao aumento das atividades antrópicas e a eventuais catástrofes. Algumas mudanças no ambiente como aumento na frequência de chuvas ou aumento da descarga continental em ambiente marinho pode trazer graves consequências aos bancos de rodolitos, como por exemplo o aumento da turbidez no meio e o aumento do soterramento dos leitos. Tais eventos podem causar inúmeros efeitos na fisiologia dessas algas. Por serem organismos fotossintetizantes, a redução da disponibilidade de luz devido ao aumento da turbidez ou ao soterramento pode alterar a produtividade dos rodolitos, causando alteração fisiológicas como redução da atividade fotossintética. Por isso, nesse trabalho, foram realizados dois experimentos. O primeiro avaliou as alterações na produtividade de algas calcárias um cenário com aumento da concentração de nutrientes e redução da disponibilidade de luz num curto intervalo de tempo. Desse experimento obtivemos dados preliminares sobre o comportamento fisiológico da alga em aspectos de produtividade. No segundo experimento, algas foram expostas a um cenário de redução de disponibilidade de luz devido ao rompimento de uma barragem de rejeito de minério de ferro, simulando assim o soterramento desses organismos. Com o segundo experimento obtivemos dados que demonstravam a redução da produtividade em algas soterradas pela lama e utilizamos técnicas de manejo para reestabelecer a condição inicial de saúde da alga com a limpeza do organismo. Demonstrando assim, que é possível recuperar bancos de rodolitos que sofreram soterramento.

Abstract: Crustose coralline red algae are photosynthetic organisms that exhibit deposits of calcium carbonate (CaCO3) on their cellular walls, thus presenting a rigid structure that forms rocky deposits on the marine substrate. These algae are also responsible for the formation of rhodoliths and consequently of rhodolith beds that cover the seabed creating microhabitats that house innumerable species. However, species of rhodoliths are threatened due to anthropic activities and catastrophes. Some changes in the environment such as increased rainfall frequency or increased continental discharge (rich in nutrients) in the marine environment can have serious consequences for rhodolith beds, such as increased turbidity in the middle and increased bed burial. Such events can have numerous effects on the physiology of these algae. Because they are photosynthetic organisms, the reduction of the light availability due to the increase of the turbidity or the burial can change the productivity of the rhodoliths, causing physiological changes as a reduction of the photosynthetic activity. Therefore, in this work, two experiments were carried out. The first evaluated the changes in calcareous algae productivity in a scenario with increased nutrient concentration and reduced light availability in a short period of time. From this experiment we obtained preliminary data on the physiological behavior of algae in aspects of productivity. In the second experiment, algae were exposed to a scenario of reduced light availability due to the rupture of an iron ore tailings dam, thus simulating the burial of these organisms. With the second experiment we obtained data that showed the reduction of the productivity in algae buried by the mud and we used management techniques to reestablish the initial condition of algae health with the cleaning of the organism. Demonstrating thus, that it is possible to recover banks of rhodoliths that have undergone burial.