Assimetria do torque dos músculos flexores e extensores de joelho na incidência de lesões musculares em atletas de futebol profissional

Abstract

Nos aspectos biomecânicos, sabe-se que desequilíbrios de torque muscular são associados a um aumento do risco de lesões nas extremidades inferiores. Entretanto, existem poucos estudos investigando se após a correção da assimetria muscular há uma diminuição de lesões durante a temporada competitiva. A partir do exposto, este estudo teve como objetivo analisar a influência da correção da assimetria do torque dos músculos flexores e extensores de joelho na incidência de lesões musculares em jogadores de futebol profissional. Estudo observacional de coorte prospectivo. Foram analisadas 104 avaliações isocinéticas de 83 jogadores de futebol profissional referente a quatro temporadas competitivas (2013-2016). A cada início de pré-temporada os dados de torque muscular eram utilizados para diagnosticar assimetrias bilaterais entre os músculos flexores e extensores de joelho. Os atletas foram alocados em dois grupos: simétrico (= 10%) e assimétrico (11-19%, 20-29% e = 30%). Após, cada subgrupo assimétrico realizava protocolos de correção específicos. Os atletas foram acompanhados durante os meses do campeonato de cada ano quanto ao surgimento de lesões musculares. Essas eram diagnosticadas a partir do ultrassom ou ressonância magnética. A análise estatística foi estimada pela função de sobrevida de Kaplan-Meier e o teste de Log-Rank, estratificada pelas categorias criadas da interação entre a presença de lesão como desfecho e a assimetria como variável de investigação. A medida de associação utilizada para comparar os subgrupos foi o Hazard Ratio (HR), para descrever a razão de risco de algum sujeito ter lesão. As análises foram conduzidas no programa estatístico Stata SE 14.0 e foi considerado o nível de significância de p<0,05. A assimetria de torque prévia ao protocolo de correção dos músculos flexores indica que a sobrevida é semelhante entre os diferentes grupos e sugere que a correção foi capaz de não aumentar o risco de lesão. Não houve diferença estatística significativa (<0.366) na sobrevida entre os quatro quartis. Para os músculos extensores, mesmo após os protocolos de correções, jogadores com maior assimetria muscular prévia tiveram menor probabilidade de sobrevida em relação aos jogadores menos assimétricos. O 4º quartil obteve maior incidência de lesões, enquanto os demais quartis demonstraram probabilidade de sobrevida maior e evidenciam comportamento similar na sua distribuição a partir do centésimo dia. A correção da assimetria muscular foi capaz de não aumentar o risco de lesões para os músculos flexores. De outro modo, jogadores com maior assimetria muscular prévia dos músculos extensores tiveram menor probabilidade de sobrevida em relação aos jogadores menos assimétricos.

Abstract: In biomechanical aspects, it is known that muscle torque imbalances are associated with an increased risk of lower extremity injuries. However, there are few studies investigating whether after correction of muscle asymmetry there is a decrease in injuries during the competitive season. From the above, this study aimed to analyze the influence of correction of torque asymmetry of the flexor and extensor knee muscles on the incidence of muscle injuries in professional soccer players. Observational study of prospective cohort. We analyzed 104 isokinetic assessments of 83 professional soccer players for four competitive seasons (2013-2016). At each preseason start, muscle torque data were used to diagnose bilateral asymmetries between knee flexor and extensor muscles. The athletes were allocated into two groups: symmetrical (= 10%) and asymmetrical (11-19%, 20-29% and = 30%). Afterwards, each asymmetric subgroup performed specific correction protocols. The athletes were followed during the championship months of each year regarding the appearance of muscle injuries. These were diagnosed by ultrasound or magnetic resonance. Statistical analysis was estimated by Kaplan-Meier survival function and the Log-Rank test, stratified by the categories created from the interaction between the presence of injury as an outcome and asymmetry as the investigation variable. The measure of association used to compare subgroups was the Hazard Ratio (HR), to describe the risk ratio of any subject having injury. The analyzes were conducted using the Stata SE 14.0 statistical program and the significance level of p <0.05 was considered. The torque asymmetry prior to the flexor muscle correction protocol indicates that survival is similar between the different groups and suggests that correction was not able to increase the risk of injury. There was no statistically significant difference (<0.366) in survival between the four quartiles. For extensor muscles, even after correction protocols, players with greater prior muscle asymmetry were less likely to survive than less asymmetric players. The 4th quartile had a higher incidence of injuries, while the other quartiles showed a higher probability of survival and showed similar behavior in its distribution from the 100th day. Correcting muscle asymmetry was not able to increase the risk of injury to flexor muscles. On the other hand, players with greater previous extensor muscle asymmetry were less likely to survive than less asymmetric players.