Serviço de emergência em ginecologia: caracterização da população, queixas e direcionamentos

Abstract

Objetivo Caracterizar os atendimentos em um serviço de emergência (SE) ginecológica através do perfil sócio demográfico e queixas das usuárias, particularidades da assistência e do direcionamento pós consulta. Métodos Estudo retrospectivo, observacional e quantitativo, com dados de 550 prontuários eletrônicos de atendimentos a mulheres não gestantes no SE da Maternidade Carmela Dutra (Florianópolis/SC), entre janeiro e fevereiro de 2019. Para a análise dos dados utilizou-se o teste do Qui-quadrado adotando-se o nível de significância de 0,05 e respectivos intervalos de confiança (IC 95%). Resultados A maioria das mulheres era jovem (20 a 39 anos), branca, residia no município do serviço, possuía união conjugal e escolaridade entre 5 e 12 anos de estudo. O tempo médio de permanência em atendimento foi de 1h56. As principais queixas foram sangramento uterino anormal, dor pélvica e irregularidade menstrual. Os quadros eram majoritariamente agudos e não urgentes (68,73%). Foi recomendado seguimento ambulatorial para 55,64% das usuárias e internação para 7,09%. Mostrou-se estatisticamente significativa a associação entre o encaminhamento de quadros não urgentes e agudos para unidade básica de saúde e de quadros urgentes e crônicos para especialidades (p < 0,05). Conclusão Esses achados evidenciam as características e o predomínio de condições não urgentes no SE ginecológico. A associação significativa do tempo de queixa e da gravidade do quadro com o direcionamento adotado pode demonstrar que afecções não urgentes e mais recentes poderiam ser solucionadas na atenção básica. Conhecer as características da demanda feminina nos SE é essencial para o planejamento em ações de saúde.

Abstract: Objective To characterize the attendances in a gynecological emergency service (ES) through the socio-demographic profile and complaints of the users, particularities of assistance and post-consultation guidance. Methods Retrospective, observational and quantitative study, with data from 550 electronic medical records of care provided to non-pregnant women at the Maternidade Carmela Dutra SE (Florianópolis / SC), between January and February 2019. For data analysis, Chi-square was used adopting the significance level of 0.05 and confidence intervals (95% CI). Results Most of the women were young (20 to 39 years old), white, lived in the municipality of the service, with marital union and had between 5 and 12 years of schooling. The average length of stay in attendance was 1h 56 min. The main complaints were abnormal uterine bleeding, pelvic pain and menstrual irregularity. The main complaints were abnormal bleeding, pelvic pain and menstrual irregularity. Needs were mostly acute and not urgent (68.73%). The referrals were for outpatient care (55.64%) and hospitalization (7.09%). There was a statistically significant difference for the association between non-urgent and acute referrals to the basic health unit and urgent and chronic referrals to specialties (p <0.05). Conclusion These findings highlight the characteristics and predominance of non-urgent conditions in gynecological SE. The significant association of the time of complaint and the severity of the condition with the adopted approach can demonstrate that non-urgent and more recent conditions could be solved in primary care. Knowing the characteristics of female demand in ES is essential for health action planning.