Abstract:
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Introdução: No ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), as
práticas de terapia nutricional são benéficas para a manutenção ou recuperação do
estado nutricional do paciente pediátrico grave. Dessa forma, o suporte nutricional
adequado é considerado um marcador de qualidade nos cuidados da UTIP.
Objetivo: O presente estudo teve por objetivo comparar as práticas de terapia
nutricional em pacientes pediátricos graves internados em unidade de terapia
intensiva pediátrica em duas coortes temporais de 2013-2016 e 2018-2019.
Métodos: Estudo prospectivo, em duas coortes temporais de 2013-2016 e 2018-
2019, realizado em uma UTIP do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis,
Santa Catarina, com pacientes pediátricos graves entre 1 mês e 15 anos, de ambos
os sexos. Foram coletados dados de caracterização e avaliação clínica. A avaliação
nutricional antropométrica e bioquímica, realizada até 72 horas após admissão na
UTIP, e incluiu peso, estatura, albumina, e proteína C-reativa. Os indicadores
antropométricos foram expressos em escore z. As práticas de terapia nutricional
avaliadas foram: via de administração (enteral, parenteral e mista), prescrição e
infusão de volume, energia e proteína, e o número e motivo de interrupções. Os
resultados foram expressos em mediana e intervalo interquartil (IQR), número
absoluto e percentual.O valor de p<0,05 foi considerado significativo. Resultados:
Na coorte 2013-2016 foram incluídas 201 crianças (idade mediana de 27 meses,
63% do sexo masculino), na coorte 2018-2019 foram incluídas 109 crianças (idade
mediana de 10 meses, 61% do sexo masculino). Em relação ao desfecho primário,
os indicadores de terapia nutricional, na coorte 2018-2019 tanto a ingestão de
energia (p = < 0,001), quanto de proteína (p = < 0,001) foram maiores, e a
porcentagem de hipoalimentação também diminuiu consideravelmente (p = <
0,001). E o número de interrupções da terapia nutricional também foi menor na
coorte 2018-2019 (p = 0,0001). Sobre os desfechos secundários, observou-se idade
mais jovem dos pacientes internados na coorte 2018-2019 (p = 0,005), nessa coorte
a prevalência de doenças crônicas complexas também foi maior (p = < 0,001). O
uso de ventilação mecânica (VM) foi maior na coorte 2013-2016, e o tempo em dias
de internação na UTIP foi maior na coorte 2018-2019 (p = 0,015). Não houve
diferença entre as coortes na antropometria, apenas a albumina foi maior na coorte
2018-2019 (p = 0,011). Conclusão: Houve diferença entre os períodos analisados,
na coorte 2018-2019 foi observado que tanto a ingestão de energia quanto de
proteínas foram maiores, e a porcentagem de hipoalimentação e número de
interrupções diminuíram consideravelmente, porém não foi observada diferença na
via de administração da terapia nutricional. |