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O incentivo à compra e ao consumo de alimentos orgânicos por meio de redes
alimentares alternativas e o desenvolvimento de habilidades culinárias têm sido
apontados como promotores da sustentabilidade do sistema alimentar, além de
contribuírem para a melhoria da qualidade alimentar dos indivíduos. O presente
estudo teve como objetivo analisar o impacto de intervenção culinária nas
habilidades culinárias de indivíduos participantes de uma rede alternativa de
comercialização de alimentos orgânicos. Para isso, o estudo dividiu-se em duas
etapas. Na primeira etapa, quantitativa, realizou-se um estudo de intervenção, do
tipo antes e depois, por meio de oficinas culinárias práticas com participantes das
Células de Consumidores Responsáveis (CCR) no município de Florianópolis, Santa
Catarina. Aplicou-se um questionário validado online para avaliar as habilidades
culinárias dos participantes antes e após a intervenção. O questionário incluiu
questões sobre características sociodemográficas dos participantes e oito escalas de
avaliação das habilidades culinárias e alimentação saudável. Para a intervenção
foram realizadas três oficinas culinárias práticas, com duração de quatro horas cada,
totalizando 12 horas de intervenção. Os dados do questionário foram analisados por
meio de estatística inferencial com aplicação do teste T pareado (para dados
simétricos) ou teste de Wilcoxon (para assimétricos) para comparação dos escores
das escalas analisadas. Na segunda etapa, qualitativa, realizou-se entrevista online
com os participantes da intervenção para avaliar o impacto da intervenção cinco
meses após o fim das oficinas culinárias. As entrevistas foram transcritas e realizouse
análise temática. No total, 20 indivíduos concluíram a intervenção. A média de
idade dos participantes era de 40,9 anos, a maioria era mulher (n=13), possuía pósgraduação
completa e renda familiar acima de sete salários mínimos. Observou-se
aumento estatisticamente significativo em duas das oito escalas analisadas, sendo
elas, autoeficácia em cozinhar e utilizar técnicas culinárias básicas (p=0.002) e
conhecimento sobre termos e técnicas culinárias (p=0.028). Os resultados
qualitativos corroboraram com os resultados quantitativos, sugerindo impacto
positivo da intervenção cinco meses após o fim da intervenção, haja vista os
subtemas encontrados, sendo eles: relação social e simbólica com a comida, novas
técnicas e conhecimentos culinários, menos desperdício e mais aproveitamento,
novas opções de receitas culinárias e de alimentos, aumento da confiança culinária,
e mudança no preparo e no consumo de refeições em casa. Os resultados sugerem
que a intervenção culinária realizada gerou mudanças positivas nas habilidades
culinárias e alimentação saudável dos participantes. Ainda, os achados podem
auxiliar políticas públicas de saúde a promover e desenvolver hábitos alimentares
saudáveis e a sustentabilidade do sistema alimentar. |
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