Prevalência e manifestações clínicas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) em pacientes submetidos ao tratamento oncológico em um hospital escola de Florianópolis

Abstract

O câncer é um conjunto de mais de 100 tipos de doenças com origem multifatorial e que têm em comum a proliferação desregulada de células anormais e tendência a invasão de tecidos e órgãos vizinhos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 625 mil novos diagnósticos são esperados para 2020. A neuropatia periférica é uma condição caracterizada pela degeneração ou disfunção da enervação periférica, sendo desencadeada por diversos mecanismos, inclusive por fármacos. Dentre os fármacos utilizados na terapia do câncer e que tem potencial de causar neuropatia periférica, encontram-se: compostos a base platinas e taxanos, como oxaliplatina e paclitaxel, respectivamente. O presente estudo teve como objetivo identificar a prevalência, manifestações clínicas e o perfil de pacientes em tratamento oncológico e que desenvolveram NPIQ no setor de quimioterapia do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago . Trata-se de estudo observacional, analítico prospectivo, sendo a coleta de dados realizada entre os meses de Agosto a Dezembro de 2019. O estudo contou com 15 voluntários, com predominância do gênero feminino e idade média de 58 anos, sendo a maior parte composta por pacientes com diagnóstico de câncer de intestino, seguido por câncer de mama. O fármaco mais utilizado no estudo foi a oxaliplatina, seguido por paclitaxel. Através da utilização de questionários de avaliação da NPIQ aplicados em diferentes ciclos do protocolo de quimioterapia a que os pacientes foram submetidos, observamos que todos os pacientes apresentaram sintomas típicos de NPIQ, em pelo menos um dos ciclos avaliados. O sintoma mais prevalente foi formigamento na mãos, seguido de sensibilidade ao frio, 66,7% em ambos casos. Em geral, o impacto no bem-estar social e familiar foi mais afetado. Com relação as atividades diárias, dificuldades em aproveitar a vida e pegar objetos foram mais frequentes na amostra, com média de 3,46 e 3,33 respectivamente. Apesar do achados, nenhuma abordagem de tratamento foi utilizada. A dor neuropática foi prevalente na amostra, estando proporcionalmente relacionada à interferência nas atividades diárias e qualidade de vida dos pacientes.

Abstract: Cancer is a group of more than 100 types of diseases with multifactorial origin and which have in common features such as self-sustained proliferation of abnormal cells, genomic instability and tendency to invade surrounding and distal tissues and organs. According to the National Cancer Institute (INCA), 625 thousand new diagnoses are expected to occur in 2020. Peripheral neuropathy is a condition characterized by degeneration or dysfunction of peripheral nerves, being triggered by several mechanisms, including drugs. Anticancer drugs that have potential to cause peripheral neuropathy include platinum compounds and taxanes, such as oxaliplatin and paclitaxel, respectively. The present study aimed to identify the prevalence, clinical manifestations and the profile of patients undergoing cancer treatment that developed Chemotherapy-Induced Peripheral Neuropathy (CIPN) in the chemotherapy sector of Polydoro Ernani de São Thiago University Hospital. This is an observational, prospective analytical study, with data collection carried out between August to December 2019. The study included 15 volunteers, with a predominance of females and an average age of 58 years, the majority of patients diagnosed with bowel cancer, followed by breast cancer. The most used drug in the study was oxaliplatin, followed by paclitaxel. Through the use of CIPN evaluation questionnaires applied in different cycles of the chemotherapy protocol to which the patients were submitted, we observed that all patients presented typical symptoms of CIPN, in at least one of the evaluated cycles. The most prevalent symptom was tingling in the hands, followed by sensitivity to cold, 66.7% in both cases. In general, the impact on social and family well-being was more affected. In relation to daily activities, difficulties in enjoying life and picking up objects were more frequent in the sample, with an average of 3.46 and 3.33 respectively. Despite the findings, no treatment approach was used. Neuropathic pain was prevalent in the sample, being proportionally related to the interference in patients' daily activities and quality of life.