Análise crítica das capacidades de medição e calibração abordadas nos escopos de acreditação e seu impacto na comprovação metrológica industrial

Abstract

A pesquisa propõe uma análise crítica das Capacidades de Medição e Calibração (CMCs) apresentadas nos escopos de acreditação de laboratórios de calibração e a avaliação do seu impacto no processo de comprovação metrológica. A análise crítica é motivada pela grande variabilidade dos resultados declarados nos escopos de calibração para um mesmo tipo de serviço de calibração oferecido por diferentes laboratórios acreditados. A origem dessa variabilidade é desconhecida no meio científico uma vez que um requisito necessário para o laboratório ser acreditado é estar em conformidade com os requisitos apresentados na ISO/IEC 17025. A ISO/IEC 17025 apresenta as principais diretrizes relativas à calibração de instrumentos de medição e a declaração dos resultados nos certificados de calibração. Nesse sentido, foram analisados os escopos de quatro redes de calibração na área dimensional, mais especificamente, para paquímetros e micrômetros. As redes selecionadas são: Rede Brasileira de Calibração (RBC), United Kingdom Accreditation Service (UKAS), Deutsche Akkreditierungsstelle GmbH (DAkkS) e American Association for Laboratory Accreditation (A2LA). Foi evidenciada a variabilidade nos formatos de apresentação da CMC bem como nos valores de CMC declarados nos escopos. Quando comparados com os Erros Máximos Admissíveis, observou-se em algumas situações, valores de CMCs muito superiores aos EMAs. Essa variação dificulta a seleção adequada de um prestador externo pelo usuário de calibração para realizar calibrações de instrumentos de medição. Entre os fatores que geram as variações na apresentação das CMCs, citam-se: falta de documentos orientativos para elaboração de escopos, utilização de diferentes métodos/padrões de calibração ou avaliação incompleta da incerteza de medição. A partir da realização de balanços de incerteza e simulações realizadas para diferentes resoluções em condições ótimas e típicas de calibração para micrômetros externos e paquímetros, constatou-se que a resolução teve grande impacto no resultado final da incerteza. Por fim, foram estabelecidas diretrizes para orientar e qualificar o usuário de calibração na seleção adequada de um laboratório de calibração para realizar calibrações.

Abstract: The research proposes a critical analysis of the Measurement and Calibration Capabilities (CMCs) presented in the accreditation scopes of calibration laboratories and the evaluation of their impact on the metrological confirmation process. The critical analysis is motivated by the great variability of the results declared in the calibration scopes for the same type of calibration service offered by different accredited laboratories. The origin of this variability is unknown in the scientific community since a necessary requirement for the laboratory to be accredited is to comply with the requirements presented in ISO/IEC 17025. ISO/IEC 17025 sets out the main guidelines for the calibration of measuring instruments and the declaration of results in the calibration certificates. In this sense, the scopes of four calibration networks in the dimensional area were analyzed, more specifically, for calipers and micrometers. The selected networks are: Rede Brasileira de Calibração (RBC), United Kingdom Accreditation Service (UKAS), Deutsche Akkreditierungsstelle GmbH (DAkkS) and American Association for Laboratory Accreditation (A2LA). The variability in the CMC presentation formats as well as in the CMC values declared in the scopes was evidenced. When compared with the Maximum Permissible Errors, it is noticed in some situations, CMC values much higher than the EMAs. This variation imply in such difficulty fot the calibration user to select an external provider properly to perform calibration of measuring instruments. Among the factors that generate variations in the presentation of CMCs are: lack of guidance documents for scoping, use of different calibration methods/standards or incomplete assessment of measurement uncertainty. From the realization of uncertainty balances and simulations carried out for different resolutions under optimal and typical calibration conditions for external micrometers and calipers, it was found that the resolution had a great impact on the final result of the uncertainty. Finally, guidelines were established to guide and qualify the calibration user in the proper selection of a calibration laboratory to perform calibrations.