Homens que fazem sexo com homens e os critérios de elegibilidade à hemotransfusão

Abstract

Introdução: Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória com abordagem qualitativa, desenvolvida entre os meses de julho a agosto de 2020, que teve por objetivo: compreender a percepção do homem cis homossexual e bissexual acerca dos critérios de elegibilidade à doação de sangue e hemoderivados que envolvem homens que fazem sexo com homens. Método. Foram 11 participantes convidados via e-mail aos participantes do Conselho Municipal de Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais de Florianópolis e às pessoas indicadas por estes pelo método bola de neve. A coleta, tratamento e análise dos dados foi desenvolvida pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, a obtenção das informações foi via e-mail em formulário aos participantes com orientações para a resposta de oito questionamentos organizados em três temáticas específicas, denominados Ateliês temáticos. A organização dos dados foi realizada em tabelas separadas por tema. Extraídas as Expressões Chave, Ideias Centrais e Ancoragens, compondo os Discursos do Sujeito Coletivo. Resultados: Dos relatos emergiram três Ideias Centrais: Da experiência da doação vivenciada pelo sujeito, evidenciou-se que este tende a omitir sua orientação sexual para evitar o constrangimento e se sentir pertencente ao meio em questão. No que se refere à doação no universo da sexualidade, acredita-se que os comportamentos sexuais podem colocar em risco a segurança transfusional e não a orientação sexual. Quanto aos critérios de doação de sangue por homens que fazem sexo com outros homens presentes na legislação, o sujeito a compreende como discriminatória e preconceituosa, auxiliando na manutenção do estigma e marginalização social destas pessoas. Conclusão: O sentimento do sujeito coletivo e o senso crítico no que se refere aos aspectos relacionados à elegibilidade da doação de sangue por homens que fazem sexo com outro homens é o de que faz parte dos direitos humanos, a igualdade e respeito à população de pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e mais que possam surgir e salienta a importância dessa população na doação de sangue aos hemocentros do país. Entremeio deste estudo há a nova legislação referente à hemotransfusão por estas pessoas, suscitando uma nova perspectiva sobre os aspectos da elegibilidade.